A PRÓXIMA semana será de verdadeira efervescência para os adeptos do jogo da bola, e não só.
Será a semana em que os moçambicanos voltarão a colorir-se de vermelho, ávidos como jamais havia acontecido e roendo as unhas de nervosismo, fazendo as contas à vida de toda uma nação sedenta de sucessos dos seus desportistas, em particular do futebol, o ópio do povo. Será a semana em que no domingo, dia 6, no longo fim-de-semana por ocasião do 7 de Setembro, Dia da Vitória, a Selecção Nacional realizará a mais sublime e delicada batalha rumo ao CAN e Mundial de 2010, tendo como adversário o Quénia, com quem disputa directamente a terceira vaga de qualificação do Grupo
“B” para o Campeonato Africano a ter lugar em Angola.
É verdade que não se trata da decisão final, pois os “Mambas” ainda se deslocarão à Nigéria, em Outubro, e receberão a Tunísia, em Novembro, no entanto, o confronto com o Quénia assume um carácter transcendental em virtude de poder se constituir numa rampa de relançamento dos nossos objectivos, um tanto ou quanto definhados em consequência da derrota (2-1) em Nairobi, no pretérito dia 20 de Junho.
É, portanto, por essa via, que o Estádio da Machava, a 6 de Setembro, deverá ser o verdadeiro santuário dos moçambicanos, dado que uma vitória será sinónimo de cerca de oitenta por cento do caminho percorrido em direcção ao Atlântico angolano.
Na terça-feira, a selecção efectuou a derradeira sessão semanal destinada aos jogadores que actuam intramuros. Na próxima segunda-feira, já com todos os atletas convocados concentrados no Hotel Rovuma, o “quartel-general” da equipa de todos nós, iniciar-se-á o ciclo de treinos bidiários, no Vale do Infulene, com a finalidade de, em definitivo se acertar a máquina com o objectivo de “abater” os quenianos. Uma máquina que iminentemente se pretende saiba aliar com harmonia a boa exibição aos golos, elemento fundamental para se atingir o êxito desejado.
É consenso que os “Mambas”, na presente campanha, têm estado muitíssimo bem do ponto de vista de exibição, mesmo nas partidas realizadas fora de portas, mas a pecha continua a residir no aspecto da concretização.
É desta forma que o seleccionador nacional, Mart Nooij, entende que, para ver concretizado aquilo que preconiza, terá de dedicar especial atenção a esta questão ao longo da semana. Procura-se, acima de tudo, o aprimoramento da finalização e um maior aproveitamento do volume de jogo ofensivo produzido pelos homens da intermediária, onde cintilam estrelas como Dominguez, Genito, Miro, Momed Hagy e companhia.
JOGAR PARA GANHAR
Apesar da derrota em Nairobi, Mart Nooij não vê fantasmas à sua frente. Vê nos quenianos um time perfeitamente à altura da capacidade dos nossos atletas, que, se estiverem em tarde de grande inspiração, podem construir um resultado histórico.
Peremptoriamente, o técnico holandês afirma que é preciso jogar para ganhar e os seus pupilos devem assumir seriamente esta nobre responsabilidade, pois está em causa todo um trabalho que vêm desenvolvendo nos últimos dois anos. “Reconheço que todos os moçambicanos clamam pela vitória e nós temos a obrigação de lhes oferecer essa felicidade. Todavia, é preciso ter muita paciência e acima de tudo confiança, porquanto estes jogadores são capazes e assim já o demonstraram”.
O treinador diz que aguarda pela chegada dos “estrangeiros” para aferir o seu estado de forma e verificar minuciosamente as condições que cada um apresenta. Em relação aos dos Moçambola, afirma-se tranquilo, uma vez que têm estado a corresponder, tanto nos seus clubes como nas sessões semanais da selecção.
Tomando como ponto de partida o desafio particular de 12 de Agosto, diante da Suazilândia, em que ganhámos por escasso 1-0, com esbanjamentos atrozes, Mart Nooij sublinha a necessidade de ensaios mais consistentes no ataque, pois, conforme disse, “este é o nosso verdadeiro “calcanhar de Aquiles”, apesar de, globalmente, jogarmos bem. Por isso, volto a frisar que temos de aliar a boa exibição aos golos, sob pena de defraudarmos a expectativa de todo o povo moçambicano”.
O seleccionador nacional não se coíbe naquilo que espera dos jogadores: marcar um golo e nunca desistir de procurar o segundo, o terceiro e por aí fora. “Em nenhum momento devemos baixar os braços, pois estaremos a permitir que o adversário se recupere e nos cause problemas. O sector defensivo do Quénia não se apresenta muito consolidado, e este é um ponto que teremos de saber explorar ao máximo”.
Na sessão de terça-feira marcaram presença 16 jogadores, designadamente os guarda-redes Binó, Lamá e Antoninho; os defesas Fanuel, Campira e Whisky; os meio-campistas Nelinho, Josimar, Momed Hagy, Danito Parruque, Alvarito, Maurício e Mustafá; e os avançados Hélder Pelembe, Jerry e Mendes.
À excepção de Mano, cuja chegada a Maputo somente se verificará terça ou quarta-feira, em virtude de a sua equipa jogar na RD Congo, para as Afrotaças, todos os outros “estrangeiros” estarão entre nós entre domingo e segunda-feira.