AMANHÃ o país vai jubilar. Jubilar de norte a sul. Jubilar porque, de norte a sul, estará “verdadeiramente unido”, via terrestre, com a inauguração da majestosa ponte sobre o Rio Zambeze, a Ponte Armando Emílio Guebuza.
Múltiplos ganhos o país terá e múltiplos ganhos também teremos, desportivamente. E, como é óbvio, o Moçambola não será excepção com os inequívocos benefícios trazidos por este empreendimento que muito orgulha a nação moçambicana. Pois, paralelamente à festa que este fim-de-semana será vivida, de um modo especial em Chimuara, na Zambézia, e Caia, em Sofala, o campeonato levará os seus emocionantes momentos de futebol a diferentes cidades, emprestando também ao país a preciosa unidade.
Com a competitividade a crescer vertiginosamente, acompanhada dos mais díspares vaticínios, tendo em conta, acima de tudo, o nome do futuro campeão nacional, posto para o qual perfilam cinco formações, a 18ª jornada irá marcar, para a Liga Muçulmana, o início do “fogo cruzado”.
O início da etapa mais complexa da sua carreira, pois as suas pretensões de chegar ao título serão verdadeiramente postas à prova. Será, para o actual comandante destacado do Moçambola-2009, o período de resistir, com toda a abnegação necessária, para no fim festejar os louros, ou então se deixar trair pelas muitas vicissitudes que naturalmente vai enfrentar neste novo percurso que se abre.
E o começo do tormento dos “muçulmanos” não podia ser, nada mais, nada menos, que diante de um dos segundos classificados, o Desportivo, curiosamente, uma formação em crescendo, em todos os aspectos, e com um futebol qualitativamente agradável.
A seguir, entre os grandes, será a vez de enfrentarem o Costa do Sol, que, a despeito de algum mal-estar causado pelos resultados menos conseguidos nas últimas jornadas, é um candidato incontornável. É este, pois, o caminho que Neca e seus pupilos irão percorrer doravante e que exigirá deles máxima prudência e inteligência para se desenvencilharem deste colete-de-forças.
Numa jornada em que os outros três concorrentes ao “canecão”, Maxaquene, Ferroviário e Costa do Sol, escalam, respectivamente, Chimoio, Tete e Lichinga, o encontro entre Liga Muçulmana e Desportivo, a partir das 15.00 horas de domingo, no campo dos “tricolores”, na Machava, é encarado de uma forma muito especial pelos contendores e aguardado com invulgar expectativa pelos adeptos dos dois conjuntos, e não só. O bom futebol, “a priori”, está salvaguardado, tendo em conta a inquestionável capacidade dos artistas que estarão no relvado, digladiando-se pelo melhor resultado possível.
É verdade que, para a Liga Muçulmana, nenhum resultado altera a sua condição de guia do campeonato, dado que dispõe de uma vantagem de quatro pontos sobre os segundos classificados, porém, uma derrota não deixa de ter um efeito perverso, senão vejamos: se, neste momento, está de certo modo confortável, passaria para uma situação de apenas um ponto de dianteira, para imediatamente se encontrar com os “canarinhos”, outro adversário com quem disputa a liderança. Não seria, portanto, uma maré boa para navegar sem turbulência, embora a própria equipa esteja consciente de que será obrigada a atravessar autênticos tsunamis.
Não fosse a intempestiva igualdade frente ao Maxaquene, na ronda transacta, o Desportivo apresentar-se-ia perante a Liga Muçulmana sabendo que um triunfo seria sinónimo de ascensão ao comando.
Neste caso, tal não acontecerá, mesmo ganhando. No entanto, será um magnífico passo nas suas contas e um forte alicerce numa caminhada que, sem dar muito nas vistas, tem sido de uma qualidade invejável. Os “alvi-negros” revelam uma grande estrutura competitiva, aliada a um excelente sentido de entreajuda, pressupondo, desse modo, uma tarde de domingo espectacular na Machava.
TRIUNVIRATO EM VIAGEM
Não! Não se trata de viagens de mero passeio. Trata-se de viagens em que a indumentária terá de ser o fato-macaco. Nem Chimoio, nem Tete e Lichinga serão pontos de passagem com facilidade para o triunvirato maputense que para lá se desloca. Os adversários não aspiram lugares do topo, todavia, procuram na medida do possível melhorar a sua classificação.
À Soalpo, vai o Maxaquene. Um Maxaquene que precisa de se impor como um grande, mesmo reconhecendo, sozinho, que a questão do título poderá ter-se esfumado. É que, se assim não for, corre o risco de se deixar vulgarizar perante formações de menor expressão, algumas das quais, como é o caso do Textáfrica, com a corda ao pescoço. Aliás, é justamente por esta razão – aflição dos “fabris” do planalto de Manica – que os “tricolores” devem encarar esta deslocação com acrescidas responsabilidades.
Grande incógnita é como se pode caracterizar a visita do Ferroviário a Tete, onde será recebido pelo HCB de Songo. Uma incógnita ditada por vários factores, nomeadamente um adversário bastante ambicioso e a fazer um brilhante campeonato, um técnico, Mussá Osman, que conhece os “locomotivas” com a palma da sua mão e à frente dos quais foi campeão nacional. À magnífica movimentação de Luís e Jerry, certamente que Mussá terá a devida resposta. Por isso, o Ferroviário deve admitir que terá uma partida extremamente difícil.
E os “canarinhos”? É verdade que Lichinga não está a ser o mesmo palco em que os dinossauros temiam da sua sobrevivência, no entanto, não há lugar para embandeirar em arco. O Costa do Sol está muito pressionado.
Treinador e jogadores sentem-se como se estivessem em dívida para com os adeptos, cuja insatisfação foi expressa após o nulo da jornada passada. A calma e serenidade são o remédio recomendado nestas ocasiões, mas o FC Lichinga, no Estádio Municipal 1º de Maio, pode vir a agravar a ferida e aí a confusão subir de tom.
Noutros embates, a discussão entre Atlético Muçulmano e Chingale, no ex-campo do Maxaquene, na Baixa, promete algum desequilíbrio, com a formação de Arnaldo Salvado levando vantagem.
No Estádio 25 de Junho, a visita do Ferroviário da Beira é aguarda com apreensão, pois pode contribuir para o alargamento do fosso em que se encontrado mergulhado o seu homónimo de Nacala. Na única partida agendada para a tarde de amanhã, Matchedje defronta Ferroviário de Nampula, no Estádio da Machava, prevendo-se que os “militares”, agora já com as baterias na frente ofensiva, levem à melhor e deteriorando ainda mais a precária situação dos “locomotivas” da capital nortenha.