terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Para o sucesso do Moçambola: Planificar e orçamentar sempre será o nosso lema - afirma Alberto Simango Júnior



JÁ lá vai o Moçambola-2009. Foi de tristeza para uns e de grande alegria para outros. Mas a lição de que é preciso trabalhar e trabalhar sempre foi bem dada.

Só falta a recapitulação, principalmente para aqueles que desceram para a divisão secundária. O próximo Moçambola, o de 2010, já mexe. Os clubes não quiseram perder tempo. Foram buscar os melhores treinadores, como é o caso da Liga Muçulmana e do Maxaquene, que ficaram com Artur Semedo e Arnaldo Salvado, respectivamente.

Estes técnicos e tantos outros que não se movimentaram estão no mercado à procura do melhor produto. Referimo-nos aos jogadores. Par nos falar do que poderá vir a acontecer próximo ano, convidamos o presidente da Liga Moçambicana de Futebol para uma conversa um pouco prolongada, mas de tudo que se falou conseguimos extrair esta entrevista, cujo conteúdo passamos a publicar.

Simango Júnior deseja, em primeiro lugar, boas- vindas aos “novos” inquilinos, nomeadamente o Vilankulo, o Sporting da Beira e o Ferroviário de Pemba, alertando-nos ao mesmo tempo para os desafios que lhes esperam, porque o Campeonato Nacional não se compadece com falta de seriedade. Falou igualmente do que pensa que deve ser a prova no próximo ano a todos os níveis (organização e orçamentação). Mas, mais do que ninguém, oiçámo-lo:

“Primeiro temos que olhar para os aspectos positivos do Moçambola deste ano. A organização melhorou em todos os aspectos. Os clubes apresentaram-se bem, mesmo aqueles que desceram. A Comissão Nacional de Árbitros (CNAF) esteve bem. As nomeações foram feitas a tempo e horas de podermos emitir os bilhetes de passagem.

Há muitos factores que contribuíram para que a prova conhecesse um verdadeiro sucesso. Na segunda parte do campeonato, pelo menos no último terço, a actuação dos árbitros não foi muito contestada, o que contribuiu sobremaneira para o crescimento da prova. O público, que acorreu em massa, sempre lá esteve para responder às exigências deste campeonato e portou-se muito bem. Notou-se a existência de claques organizadas em alguns clubes que deram outro calor e alegria ao próprio espectáculo”.

Despois de um breve balanço, Simango Júnior avançou rapidamente para aquilo que pensa que deve ser o Campeonato Nacional do próximo ano.

“No Moçambola-2010 queremos melhorar os aspectos que me referi. Queremos que as equipas estejam organizadas do ponto de vista logístico e de plantéis para que haja muita luta. Como se viu, o nosso campeão foi de mérito próprio. Tem que se trabalhar muito. Recomendamos aos que subiram este ano que venham para ficar. Chamar-lhes atenção, ao mesmo tempo, que há requisitos próprios que devem ser respeitados no Moçambola.

Que as equipas recém-promovidas tenham estatutos, sede e direcção forte. Isto tudo vai facilitar a coordenação e comunicação entre os clubes e a Liga. Ainda não temos informação oficial por parte da FMF dos clubes que ascenderam ao Moçambola, mas por aquilo que se sabe é o Vilankulo, Sporting da Beira e Ferroviário de Pemba. A ser verdade, nós temos estado a privilegiar a planificação e orçamentação e vamos desde já nos aproximarmos desses clubes para nos inteirarmos do seu grau de organização e aquilo que trazem de novo para nos oferecerem. Queremos que tragam novos talentos e nova forma de abordagem do jogo”.

VISITAS ESTA SEMANA

Para se inteirar melhor dos novos “inquilinos”, a Liga Moçambicana de Futebol vai realizar ao longo desta semana visitas às suas sedes para avaliar o grau da sua organização, bem como deixar recomendações claras do que devem fazer para estarem no Moçambola no verdadeiro sentido da palavra. Simango Júnior, a-propósito destas deslocações das equipas da Liga Moçambicana de Futebol, esclareceu:

“Na próxima semana (esta) vamos visitar esses clubes para avaliarmos as suas condições: onde vão jogar e o que têm para nos oferecerem. Aliás, na próxima Assembleia Geral vamos discutir e se possível aprovarmos a forma como é que os clubes podem dar como garantia pela sua participação. Temos que colocar desafios. Eles devem depositar alguma quantia para a nossa gestão. Vamos-lhes colocar este desafio e caso seja aprovado a Liga vai trilhar bons caminhos”.

NOSSO SUCESSO PASSA PELOS PATROCINADORES

Ao longo da nossa conversa com o presidente da LMF ficamos a saber que o sucesso do Moçambola passa pelos patrocinadores.

“Reconhecer que o nosso sucesso passa pelos patrocinadores, que mais uma vez honraram com os seus compromissos. Queremos acreditar que em 2010 mereçamos a confiança deles, porque só com parceiros certos é que se pode fazer bom futebol. Dizer que os parceiros e o Governo tudo fazem para nos apoiarem.

Mas ainda estamos abaixo das nossas expectativas. Neste momento temos patrocinadores possíveis mas não ideias. O nosso país é vasto e o Moçambola é honeroso. Temos que ter suporte financeiro capaz de responder às exigências de uma competição deste tamanho e envergadura.

Neste momento estamos a lutar à busca de soluções para levarmos o Moçambola a bom porto. O desafio é grande e vamos continuar a mobilizar mais parceiros para reforçarem a nossa capacidade financeira. A 2M é o novo parceiro. Por isso estamos à procura de soluções para que a prova seja uma realidade”.

APETRECHEM OS PLANTÉIS MAS NÃO SE ESQUEÇAM DOS CAMPOS

CADA ano que passa os clubes vão se recheando com melhores técnicos e melhores jogadores. Esquecem-se de arrumarem as infra-estruturas e esquecem-se sobretudo que os melhores espectáculos passam pelos melhores palcos. Em todas as áreas é assim. No desporto, os melhores jogos só nos melhores campos.

Esta área preocupa a todos, principalmente à Liga Moçambicana. Simango Júnior diz que para o próximo ano vai ser rigoroso neste aspecto, para que o público pague o bilhete e consuma um produto de qualidade. Pelo que os clubes têm que estar atentos, pois “nós já manifestamos preocupação em relação aos pisos de Lichinga e Chimoio.

Na visita que fiz à Lichinga obtive garantias do município de que desta vez vai haver reabilitação de raiz, no piso, balneários e muro de vedação. Isto é de louvar. Em Chimoio, o campo está a degradar-se a todos os níveis. A direcção do Textáfrica que encontre uma maneira de pôr o campo em condições.

Estamos a pedir para que os campos estejam em condições. O nosso futebol merece isto. Na capital do país estamos a trabalhar com os clubes para que coloquem a iluminação de modo a realizarmos alguns jogos do Moçambola à noite”, disse Simango um tanto ou quanto agastado.

ATENÇÃO NAMPULA: NÃO HÁ VITÓRIAS MORAIS

A LIGA Moçambicana de Futebol está agastada pelo facto de as duas províncias mais populosas do país não estarem no Moçambola. É caso para perguntar: afinal o que se passa com Nampula e Zambézia?

A-propósito deste aspecto, Simango Júnior tem a resposta: “para nós a ausência de uma equipa de Nampula no Moçambola preocupa-nos bastante como nos preocupa outro ponto do país, por exemplo, a Zambézia. São zonas com maior densidade populacional e estão em franco crescimento económico.

Mas é necessário que os nampulenses entendam que não há vitórias morais. Talvez isto que aconteceu sirva de uma lição. Ficarão a saber que devem investir porque representam a população daquela região do país.

É triste, mas que se preparem para regressarem o mais rápido possível ao Moçambola, porque o Ferroviário de Nampula já foi campeão e vencedor da Taça de Moçambique. Que se preparem para representar condignamente o país”, alertou. E para bom entendedor, meia palavra basta!

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