MOÇAMBIQUE já vai na terceira medalha depois de ontem o judoca Micael Fumo, na categoria de menos de 81 quilogramas, ter conseguido a de bronze, numa peleja em que derrotou um opositor da Índia.
A prestação de Moçambique, comparativamente à primeira edição, em Macau, em 2006, está a ser bastante fraca. As esperanças de revalidar as medalhas de ouro no atletismo e no basquetebol esfumaram-se. Leonor Píuza nem subiu ao pódio nos 800 metros.
Kurt Couto, nos 400 metros barreiras, ainda foi buscar uma, mas de bronze, por sinal a que colocou o nosso país na lista dos medalhados. Em basquetebol feminino, depois da derrota na estreia frente a Portugal, a Selecção Nacional voltou ontem a derrapar, desta feita, frente aos sub-19 do Brasil, que se preparam para o “Mundial” da categoria, a ter lugar ainda este mês. O futebol está também uma lástima. Em três jogos, os “Mambinhas” de sub-20 perderam dois com Angola (5-0) e Portugal (2-0), depois de se terem estreado com vitória diante da Índia (2-0).
Em contrapartida, o judo, que era tido como modalidade de segundo plano, está a carburar em pleno e já colocou na vitrina de Moçambique duas medalhas, sendo a primeira, de prata, por Bruno Luzia, nos menos de 66 quilogramas, e a segunda e última, de bronze, por Michael Fumo, um estudante residente em Portugal, que pratica a modalidade na ex-Universidade Lusófona, actualmente Benfica.Entretanto, hoje teremos a estreia de Edson Barama e Nicolau Sambo, no taekwondo, e da dupla Délcio Soares/Augusto Cherinzda, no voleibol de praia, onde se esperam igualmente medalhas, apesar de se reconhecer o valor dos adversários, alguns dos quais com maior ritmo competitivo.
ASSIM NÃO!
A Selecção Nacional de basquetebol sénior feminino sabia, depois da derrota com Portugal, que o jogo de ontem frente ao Brasil seria determinante para a reconquista da confiança no seio das jogadoras, para além de que estava proibida de perder, sob o risco de deitar tudo abaixo.
Tudo foi feito para que as moçambicanas saíssem do Hóquei Clube de Sintra de cabeça erguida, mas pela frente encontraram uma oposição bem forte e uma equipa bastante rápida e dotada de atletas com uma boa média de estatura comparativamente à nossa.
Foi um sofrimento do primeiro ao último minuto. Assistiu-se, diga-se, a um basquetebol de primeira água. O próprio seleccionador do Brasil reconheceu isso no final do encontro e felicitou Moçambique pelo esforço empreendido e disse de boca cheia que a vitória assentava tanto para um como para o outro.
Moçambique entrou bem. Jogou taco-a-taco. A diferença pontual oscilava em dois/três pontos a favor deste ou daquele, razão pela qual o primeiro período terminou com o “placard” a acusar 17-17.
No segundo período, a Selecção Nacional tentou distanciar-se no marcador, mas o Brasil apertava em todos os ângulos. E mais uma vez a igualdade 25-25 (resultado ao intervalo).
No terceiro período, o Brasil distraiu-se momentaneamente e Moçambique aproveitou-se e esgotados os 10 minutos vencia por três pontos de diferença (37-34).
O quarto e último período foi fatal para as moçambicanas. O Brasil entrou a reduzir para um ponto de diferença e instantes depois passou à frente no marcador. Em pouco tempo caíram dois triplos dos brasileiros que desnortearam as nossas jogadoras. Anabela Cossa ainda correspondeu com um triplo insuficiente para parar as investidas contrárias.
Na ponta final, a dois minutos do final do encontro, Moçambique ainda foi ao “pressing” homem-a-homem, esquema táctico que não surtiu os seus efeitos, uma vez que as brasileiras, apesar dos seus 19 anos, transportam na bagagem muita experiência. Não é por acaso que vão ao Campeonato do Mundo do seu escalão. E estes Jogos da Lusofonia estão a servir de preparação, o mesmo que Moçambique tinha idealizado quando trouxe para Lisboa a sua selecção de masculinos, mas que acabou ficando em terra no grupo dos fracos.
Recorde-se que a Selecção nacional de masculinos vai tomar parte no Campeonato Africano da Líbia, no próximo mês.
Gil Carvalho, em Lisboa
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