segunda-feira, 12 de outubro de 2009

AFROBÁSQUETE MADAGÁSCAR-2009 - Entre o céu e o inferno!

HÁ dias em que realmente maldizemos do sol, afirmando que não devia ter nascido para nós.

 Entre o céu e o inferno!(FRED RAZAFINTSALAMA)
Em contrapartida, outros há em que gritamos a plenos pulmões que efectivamente o sol é nosso, o mundo nos pertence e mais ninguém existe sob o seu tecto. Estas duas realidades distintas foram vividas durante o fim-de-semana pela nossa selecção no Afrobásquete Madagáscar-2009.

Primeiro, foi o inferno, na noite de sábado. Uma noite verdadeiramente para esquecer, com uma pesada derrota diante do Senegal por 37-73, numa partida em que a turma moçambicana experimentou uma autêntica travessia do deserto nesta ilha. Depois, ontem, a esperada bonança diante da modesta selecção das Maurícias: 121-31, com o nosso país a fazer história, ao se tornar na primeira equipa a registar a centena de pontos neste campeonato.

Ambos os factos eram previsíveis, no entanto, os números do desaire perante as senegalesas terão sido um tanto ou quanto exagerados, se se tomar em linha de conta os registos dos confrontos entre os dois conjuntos. Mas, verdade seja dita e reconhecida: a turma de Nazir Salé nada fez por merecer outro resultado, pois as “leoas” assim o não permitiram. Praticamente, as moçambicanas não tiveram acção nem reacção, chegando a passar longos minutos sem sequer fazer um ponto.

Mas, como sói dizer-se, não há fome que não acabe em fartura, e essa fartura verificou-se ontem perante as mauricianas, com um basquetebol ainda amador, porém, ousado, particularmente nos lances livres, que é o maior “calcanhar de Aquiles” da nossa bola-ao-cesto.

Foi uma partida com uma única direcção e os 90 pontos de diferença a serem suficientemente eloquentes para traduzir a diferença competitiva entre os dois contendores. Os triplos que não existiram face às senegalesas – ou melhor, que pertenceram em abundância às “leoas” – choveram aos cântaros, com particular realce para Filomena Micato, a melhor marcadora com 25 pontos, Ana Flávia Azinheira 19, Ana Branquinho 18 e Cátia Halar 17.

Hoje, é o dia reservado ao descanso geral das selecções, retomando-se a prova amanhã, numa jornada em que Moçambique defronta a vizinha África do Sul, a partir das 14.00 horas de Antananarivo (13.00 de Maputo). Trata-se do início da busca do segundo lugar do Grupo “A”, atrás do poderoso Senegal, sendo necessário, para tanto, ganhar às sul-africanas e às animadíssimas anfitriãs malgaxes, que têm estado a gozar de uma grande simpatia e apoio do seu público, facto que as galvaniza sobremaneira.

Neste Afrobásquete Madagáscar-2009, o nosso país está também representado pelo conceituado árbitro internacional Artur Bandeira, já chamado a intervir em dois grandes desafios, designadamente Mali-Nigéria e Mali-Costa do Marfim.

MAURÍCIAS, 31-MOÇAMBIQUE, 121 : BONANÇA EM DÓ MAIOR

NÃO se pode afirmar que a nossa selecção passeou a sua classe, dado que, perante um time com ingénuos conceitos básicos da modalidade, outra coisa não havia senão construir a vitória, o mais folgada possível, mesmo que para isso não fosse necessário apresentar um grande espectáculo.

E foi na verdade o que se viu: Moçambique não precisou de um grande esforço e até foi fazendo deste embate um ensaio de determinados aspectos tácticos para os desafios que se aproximam.

O início até foi arreliador, face a uma atroz incapacidade de concretização. Mas depois, com o treinador a efectuar mudanças profundas na equipa – um cinco inteiro a substituir o outro – o acerto veio e ficou de vez.

Jogadoras como Filomena Micato, Marta Ganje, Amélia Macamo, Ana Branquinho, pouco utilizadas noutras circunstâncias, foram as que emprestaram mais gás ao time, como seu “show” de triplos, a aproveitar a ausência de marcação defensiva por parte das insulares.

Com uma e outra falha de somenos importância, tudo se desenrolava a contento para as moçambicanas, que ora roubavam bolas às adversárias, ora interceptavam lançamentos, oferecendo pouco campo de manobra às mauricianas. À medida que o tempo se escoava, a probabilidade da centena de pontos ganha forma e, à excepção de Odélia Mafanela, todas as atletas já tinham marcado. Mas esta, num gesto malabarístico, à americana, converteu, finalmente, os seus únicos dois pontos, já ao suar da buzina.

FICHA DO JOGO

Árbitros: Diakité e Kngsley

MAURÍCIAS (31) – Sawmi Veloketsa (2), Tsabelise Nemorin (9), Madhave Remi (0), Emile Der Mar (4), Loree Davy (2), Somavrod (6), Martin St. (0), Vanessa Speville (1), Jusselin (1), Cindy Labelle (5), Tatiana Riviere (0) e J. Benjamim (1)

Treinador: Batterie

MOÇAMBIQUE (121) – Valerdina Manhonga (7), Filomena Micato (25), Ana Flávia Azinheira (19), Anabela Cossa (5), Ana Branquinho (18), Cátia Halar (17), Leia Dongue (9), Aleia Rachide (5), Amélia Macamo (3), Marta Ganje (4), Odélia Mafanela (2) e Ondina Nhampossa (7)

Treinador: Nazir Salé

Marcha do marcador: 7-20, 13-64, 23-91, 31-121.

QUADRO DE RESULTADOS

GRUPO A

Sábado

Moçambique-Senegal (37-73)

Madagáscar-Camarões (39-67)

Maurícias-África do Sul (29-70)

Domingo

Maurícias-Moçambique (31-121)

Camarões-Senegal (39-68)

África do Sul-Madagáscar (73-101)

Classificação: Senegal seis pontos, Madagáscar, Moçambique e Camarões cinco, África do Sul quatro e Maurícias três

GRUPO B

Sábado

Tunísia-Angola (56-62)

Mali-Costa do Marfim (52-62)

Nigéria-Ruanda (79-49)

Domingo

Ruanda-Mali (48-72)

Nigéria-Tunísia (65-49)

Angola-Costa do Marfim (65-55)

Classificação: Angola seis pontos, Costa do Marfim, Mali e Nigéria cinco, Tunísia e Ruanda três.

Alexandre Zandamela, em Antananarivo

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