OS reclusos das Cadeias Central, Civil e da Máxima Segurança da Machava, vulgo BO, todas em Maputo, e de Mabalane, em Gaza, terão a oportunidade de conviver mutuamente com a promoção do torneio envolvendo equipas daqueles recintos prisionais na modalidade de futebol.
A intenção, sustentada por Edson Ussaca, da Provida, e que tem estado à frente da organização deste tipo de acções no âmbito da inserção social do recluso, surge depois de as partes envolvidas nesta iniciativa considerarem importante este tipo de convívio que contribui igualmente para o bem-estar da saúde dos prisioneiros. Será posta em prática em finais deste ano ou princípios do próximo, segundo indicação da fonte.
Entretanto, motivos organizacionais impediram a continuidade, ano passado, do intercâmbio desportivo entre as Cadeias Central e da Máxima Segurança da Machava iniciado em 2007. Edson Ussaca explicou que houve a necessidade de se reorganizar melhor o intercâmbio para acomodar os interesses de ambas as partes.
Salientou que foi nessa base que se decidiu que os jogos que decorrem na Cadeia Central e na BO deverão culminar com a realização de um torneio inter-cadeias, por forma a oferecer as mesmas oportunidades de entretenimento e inserção social dos reclusos.
RECLUSOS PEDEM EQUIPAMENTO
Com alguma emoção, os reclusos louvaram a iniciativa, mas pediram à organização equipamento e bolas, sendo que o material que estão a usar faz parte da oferta que receberam em 2007 quando equipas como Ferroviário, Desportivo e Maxaquene visitaram a Cadeia Central e BO, facto que marcou o início do intercâmbio com as equipas do Moçambola.
O presidente da associação desportiva e recreativa da Cadeia Central, Manuel Muianga, anotou que os equipamentos em causa já deram o que tinham a dar, daí que a selecção local se tenha apresentado frente à Liga Muçulmana de Maputo, na semana passada, com camisetas e calções com cores diferentes.
“Se pudéssemos ter mensalmente equipas a visitar-nos seria bom. Foi-nos dada a garantia de que muitas equipas do Moçambola iriam nos visitar quando recebemos a formação constituída pelos funcionários do Ministério da Juventude e Desportos (MJD). Estas visitas são muito esperadas por nós, porque é com elas que temos recebido ofertas de equipamentos e bola”, frisou.
Muianga lamentou o facto de a equipa da Cadeia Central ter-se apresentado diante da Liga Muçulmana com cores diferentes, salientando que se trata do equipamento que o Maxaquene, Ferroviário e Desportivo ofereceram à selecção aquando do primeiro intercâmbio em 2007.
Edson Ussaca disse, por seu turno, aguardar a resposta de parcerias para resolver o problema. A Liga Muçulmana de Maputo, que venceu a Cadeia Central por 4-0, prometeu dois pares de equipamento na sua próxima visita.
Mais equipas do Moçambola irão à Cadeia Central e BO nos próximos dias, casos do Ferroviário, Desportivo, Atlético, Matchedje, todos de Maputo, e HCB de Songo, segundo contactos que foram confirmados por Edson Ussaca.
De salientar que o Costa do Sol foi o último a visitar um daqueles recintos prisionais (BO) na última quinta-feira, tendo ganho por 6-1. A equipa local vai beneficiar de um dia de visita extra pelo tento conseguido, isto como prémio. Esta medida é considerada de positiva pelos reclusos, que esperam com o intercâmbio por mais visitas de familiares e amigos.
INICIATIVA LOUVÁVEL
O DEFESA central da equipa da casa, Jorge, apelidado no “team” local por Djodjo, enalteceu a iniciativa dos Serviços Nacionais das Prisões, anotando que, “apesar de estarmos aqui, também fazemos parte da sociedade”, isto para implicitamente referir-se à necessidade de os reclusos poderem beneficiar de mais iniciativas como aquelas, como forma de proporcionar-lhes algum momento de distracção.
MUITO impressionado, o ala direito do Costa do Sol Artur Comboio disse, aquando da visita do Costa do Sol à BO, ter vivido um momento ímpar ao, surpreendentemente, reencontrar-se com dois dos seus ex-companheiros de equipa quando era júnior.
Disse, adiante, que, apesar dos crimes que cometeram, o mais importante para cada um dos reclusos é saber viver.
“Vi quatro jovens que foram meus colegas de equipa quando era júnior e foi uma grande sensação para mim o reencontro com eles”, frisou.
Salvador Nhantumbo
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