AS medalhas de prata e de bronze conquistadas em Maputo-2003 e Abuja-2005 são uma referência indesmentível sobre o quão valorosa é a nossa selecção feminina no panorama basquetebolístico continental.
A despeito de a preparação, de forma mais incisiva, ter decorrido durante pouco tempo, devido a outros compromissos, nomeadamente fase final do campeonato da cidade, conquistado pelas “alvi-negras”, e qualificação zonal para a Taça dos Campeões de África, em Harare, que ditou o apuramento do Desportivo e de A Politécnica para o Benin, a equipa técnica acredita que esse tempo disponível foi muitíssimo bem aproveitado, com treinos bastante puxados fisicamente, ensaios tácticos explorados até ao âmago, tudo isto com a devida prontidão e correspondência das atletas.
Tratou-se de uma etapa de preparação que conheceu o seu epílogo ontem, pois esta manhã a selecção segue viagem com destino a Antananarivo, o “teatro das operações”, transportando na bagagem grandes esperanças e que passam, fundamentalmente, pela conquista do título, mesmo reconhecendo o arcaboiço de adversários como Mali, campeão em título, Senegal, Angola e Nigéria. Mas estas equipas têm também nas suas contas a turma moçambicana, cujo prestígio no continente foi nos últimos anos alicerçado pelos dois títulos consecutivos ganhos pelo Desportivo.
O campeonato que sexta-feira arranca terá a participação de 12 formações, repartidas da seguinte forma: Grupo “A” – Madagáscar, Moçambique, Senegal, África do Sul, Camarões e Ilhas Maurícias; Grupo “B” – Mali, Nigéria, Angola, Tunísia, Ruanda e Guiné-Conacri.
AUSÊNCIAS NÃO AFECTAM
Inicialmente com 14 jogadoras convocadas, o seleccionador nacional, Nazir Salé, viria, de concreto, a trabalhar com 12, porquanto as duas “locomotivas”, Deolinda Gimo e Zinóbia Machanguana, foram literalmente proibidas pelo seu clube de integrar a equipa de todos, alegadamente por a Federação Moçambicana de Basquetebol não ter apresentado o seguro contra lesões.Na óptica do Ferroviário, esta exigência surge porque uma atleta sua contraiu lesão ao serviço da selecção de Sub-16 e a entidade máxima da bola-ao-cesto do nosso país não se responsabilizou pelas consequências que daí decorreram.*
Uma situação que naturalmente em nada abona no relacionamento são que se pretende entre duas instituições que, quer se queira quer não, estão “condenadas” a trabalhar juntas, uma na qualidade de detentora de atletas necessárias à selecção e outra como responsável pela modalidade no país.
Embora Nazir Salé se tenha empenhado na busca de soluções para colmatar estas duas grandes baixas, não resta a menor dúvida que, particularmente em relação à poste Deolinda Gimo, representará uma ausência de peso, tanto pela posição que ocupa no time como pela forma que apresenta.
Em face destas circunstâncias, e também porque as “estrangeiras” estão indisponíveis, a selecção acabou por se restringir a jogadoras do Desportivo e de APolitécnica, mas que, na argumentação do “mister”, oferecem absoluta confiança na prossecução dos objectivos perseguidos, numa prova em que os dois primeiros classificados se qualificam para o Campeonato do Mundo.
Para Nazir Salé, trata-se de guerreiras que farão história no presente Afrobásquete, algumas pela primeira vez numa competição desta natureza, todavia, com uma extraordinária capacidade de luta e de perseverança.
Pelas “alvi-negras”, envergarão o “jersey” nacional, em Antananarivo, Anabela Cossa, Valerdina Manhonga, Kátia Halar, Leia Dongue, Odélia Mafanela, Ondina Nhampossa e Filomena Micato e, pelas “universitárias”, Aleia Rachide, Amélia Macamo, Marta Ganje, Ana Flávia Azinheira e Ana Branquinho.
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