SE no futebol, conforme temos vindo a testemunhar em diferentes competições pelo mundo fora – e o mais recente e paradigmático caso é o do empate do Barcelona frente ao Chelsea, quarta-feira transacta – os últimos segundos são preciosíssimos e disputados até à medula, imagine-se na bola-ao-cesto, em que cada segundo realmente vale ouro.
Só que, no confronto entre a super habilidade “alvi-negra” e os imperdoáveis erros cometidos pelos “locomotivas”, veio ao de cima o primeiro facto, proporcionando-lhe um inestimável triunfo por dois pontos – 78-76.
A forma como se desenrolou este encontro constitui, indiscutivelmente, o exemplo mais eloquente dos grandiosos espectáculos que se vivem na prova citadina, mormente na Série A, onde se aglutinam os colossos. Desportivo e Ferroviário foram um autêntico “show” na noite de sábado, oferecendo ao numeroso público que acorreu ao pavilhão dos “alvi-negros” períodos verdadeiramente memoráveis. O basquetebol maputense está novamente a ganhar notoriedade, interesse e referências de vulto. Não somente pela forma como está sendo organizado – com a devida vénia ao elenco de Carlos Lima (Chicha) – mas também, e sobretudo, porque os artistas decidiram de facto jogar básquete.
À beira do final da primeira volta, não há campeão e nem há perspectivas de quem poderá ser. É verdade que o Desportivo, mercê de um time com uma estrutura basquetebolística que marca a diferença, semeia excelentes perspectivas e também razões para sem qualquer discussão subir ao trono, no entanto, os argumentos apresentados pelo Ferroviário, nomeadamente neste desafio, revelam-nos que a discussão será travada até às últimas consequências. Maxaquene e Costa do Sol, no segundo degrau da escada, certamente que também não quererão deixar os seus créditos por mãos alheias, lutando pelo título até à última gota do sangue.
COM O CREDO NA BOCA
No frente-a-frente entre as formações treinadas por Carlos Ferro e Carlos Alberto Niquice, o equilíbrio foi a nota dominante e o desfecho imprevisível. Ambos os conjuntos apresentavam razões para chegar ao triunfo, não de espantar, pois, o empate com que se entrou nos fatídicos derradeiros 20 segundos. “Todo o mundo” já estava convencido de que a decisão apenas aconteceria nos cinco minutos suplementares, quando o campeão, Ferroviário, com erros fatais de Hermelindo Novela e Jerónimo Bispo, permite ao Desportivo uma excelente vitória (78-76) na conversão de dois lances livres.
Um final dramático vivido com o credo na boca, tanto nas quatro linhas como nas bancadas. Um epílogo dramático que vincou de forma expressiva o magnífico espectáculo proporcionado por jogadores que desde a primeira hora mostraram o desejo de vencer esta contenda, em particular, como se de uma final de campeonato se tratasse. Os “alvi-negros” festejaram efusivamente. E fizeram-no não porque conquistaram a prova, mas porque a sua vitória teve um sabor especial, a avaliar pela forma intensa, explosiva e imprevisível como o desafio decorreu.
Na noutra partida, igualmente interessante, Maxaquene derrotou Costa do Sol pela marca de 66-65, portanto, um ponto de diferença que caracteriza o equilíbrio de forças durante os 48 minutos da contenda (12 minutos cada período).
Desportivo comanda com quatro pontos, contra três do Ferroviário e do Maxaquene e dois do Costa do Sol.
Na Série B, a Académica vai passeando a supremacia, somando por vitórias os três encontros disputados, dois dos quais no pretérito fim-de-semana, no início das jornadas duplas. Venceu a Universidade Pedagógica por 55-45 e Eagles pela marca de 99-50, ficando a apenas um ponto da centena.
Digno de realce é o regresso à bola-ao-cesto de Raul Machanguana, que jogou pela Conseng, apresentando-se agora com a camisola da Real Sociedade, que bateu o Eagles por 99-67, “poupando-se” também dos 100 pontos.
INCRÍVEL: EAGLES MARCA APENAS TRÊS PONTOS!
Os mais velhos aficionados do básquete certamente que ainda se recordam da histórica vitória do Maxaquene, em seniores masculinos, frente ao Beira-Mar por 224-4. Volvidos muitos anos, e agora em femininos, o bicampeão africano, Desportivo, também decidiu entrar no livro de recordes, com uma extraordinária “goleada” perante as estreantes meninas do Eagles pela marca de 162-3. É isso mesmo: o Eagles, em 40 minutos, apenas marcou três pontos.
Evidentemente que para as “alvi-negras”, habituadas a um basquetebol de outra galáxia, foi um autêntico passeio, mas, para as jogadoras do Eagles, não se imagina o esforço e o suar da camisola para conseguir esses “preciosos” pontos.
Não se imagina, igualmente, a sua satisfação em actuar perante as estrelas do Desportivo, cujo nível é indiscutivelmente continental. De qualquer das formas, julgamos que se as moças do Eagles forem de facto perseverantes e entenderem que estas estrondosas derrotas fazem parte do próprio processo de nascimento e de crescimento, quem sabe se um dia não serão referências da selecção…
A par do Desportivo, também APolitécnica A anda pela centena de pontos: 160-22 à Académica e 100-47 ao Maxaquene. Aquelas duas equipas seguem à frente com seis pontos cada.
QUADRO DE RESULTADOS
SENIORES MASCULINOS
Ferroviário-Desportivo 76-78
Maxaquene-Costa do Sol 66-65
Real Sociedade-Eagles 99-67
Académica-UP 55-45
Eagles-Académica 50-99
UP-Aeroporto 64-66
SENIORES FEMININOS
Académica - APolitécnica A 22-160
Maxaquene - Desportivo 31-82
Ferroviário - APolitécnica B 80-51
APolitécnica B - Académica 89-34
APolitécnica A - Maxaquene 100-47
Desportivo - Eagles 162-3
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