OS ares magrebinos já lá vão. Para trás, para esquecer mas também para uma profunda reflexão face aos erros cometidos, ficou a inciente exibição no decorrer dos primeiros 45 minutos do despique de sábado, no Estádio 7 de Novembro, em Radés, arredores de Tunis.
Verdadeiros profissionais da bola, os pupilos de Mart Nooij não têm tempo a perder: já depois de amanhã, quinta-feira, iniciam uma nova viagem, desta feita tendo como ponto de escala a Etiópia, local esolhido para o estágio antes do jogo em Nairobi.
À semelhança do que secedeu em relação à Tunísia, o Seleccionador Nacional pretende que os atletas ganhem ambientação às temperaturas do “teatro das operações”, a partir da estadia num país próximo, como também juntá-los longe do bulício familiar e dos amigos, para desse modo melhor se concentrarem para a sua missão.
Aliás, a partir das referências fornecidas pelos tunisinos, para o Quénia, a Federação Moçambicana de Futebol pretende tomar o máximo de precauções. Uma das primeiras medidas é a deslocação com um cozinheiro, que estará baseado na residência do Alto-Comissário de Moçambique em Nairobi, onde a selecção passará as suas refeições. O que se pretende, basicamente, é diminuir ao máximo situações extra-desportivas que possam ter influência no desempenho da equipa, dada a importância do jogo nas nossas aspirações.
Entretanto, fazendo uma apreciação à forma como a sua formação actuou na Tunísia, Mart Nooij enalteceu a determinação, o profissionalismo e a entrega dos jogadores na busca do melhor resultado, particularmente na segunda etapa do desafio, altura em que os Mambas se exibiram verdadeiramente ao seu nível. “Tenho um grande apreço por estes atletas, conseguiram superar todas as adversidades vividas neste estádio e dar uma lição de futebol a uma grande potência de África”, vincou o técnico holandês.
Segundo ele, tudo era importante que acontecesse, desde a concentração máxima até ao travar a natural pressão que se esperava do advresário. O “mister” reconhece que na primeira parte a turma moçambicana esteve aquém das suas reais capacidades, isto porque os tunisinos não cederam quaisquer espaço de acção e taparam o campo de manobra às unidades mais influentes da equipa, provocando desse modo uma drástica baixa de produção.
“No entanto, como se viu, quando realmente fizemos o jogo que nos é característico, controlámos perfeitamente os acontecimentos e reduzimos a Tunísia a meras funções defensivas. De certo modo, estivemos longe da zona do golo, mas o facto de, globalmente, termos controlado o jogo deixou-nos satisfeitos, pois constatámos, uma vez mais, que esta equipa, fora de casa e diante de adversários de grande gabarito, exibe-se ao nível da sua grandeza”, disse.
Mart Nooij afirma, entretanto, que é importante aprender dos erros cometidos e trabalhar para vencer as próximas batalhas, dado que condições para o efeito os “Mambas” possuem e já o provaram em diferentes ocasiões. “Uma derrota é sempre uma derrota, porém os nossos jogadores foram laboriosos e merecem a estima de todos os moçambicanos”, concluiu.
MERECÍAMOS UM GOLOPode parecer redundante, mas nunca é demais sublinhar a estupenda segunda parte da nossa selecção, tal como os próprios atletas fazem questão de referir. Por exemplo, Simão afirma que, apesar de os Mambas terem sofrido um golo nos 45 minutos iniciais, conseguiram equilibrar o jogo e, sobretudo na etapa complementar, rubricaram uma exibição de grande nível. “Criámos nesse período as melhores situações de golo e acho que merecíamos ter marcado. Mas, como sói dizer-se, quem não marca arrisca-se a sofrer, e foi o que aconteceu”.
O atleta diz que o mais importante, doravante, é deitar as mãos ao trabalho e pensar no melhor resultado possível contra o Quénia, de forma a continuar-se a alimentar as esperanças de qualificação. “Não é uma derrota que nos vai desviar dos nossos objectivos. Estamos unidos e confiantes, e continuaremos a ser nos próximos quatro jogos”.
O génio de Dominguez não passou despercebido no Estádio 7 de Novembro. Quando o menino-maravilha realmente teve espaço para jogar, os tunisinos reconheceram que estavam em presença de um jogador super dotado. Que o digam Yassine, que até ia ser expulso, de tanto “bater” no jovem moçambicano, e Khaled, que se viu “grego” para se desenvencilhar do seu tecnicismo.
Em relação ao desafio, Dominguez diz que a equipa deu o seu máximo. “É verdade que na primeira parte não reagimos conforme se impunha e, pior ainda, sofremos um golo de uma grande penalidade para mim duvidosa. Na segunda, Moçambique dominou por completou, só que não teve a felicidade de marcar. A Tunísia teve duas oportunidades de o fazer e acabou se saindo bem. Contra o Quénia, vamos com a mentalidade de vencer, pois ainda temos grandes chances”.
Genito entrou para as quatro linhas no começo da segunda parte e, coincidentemente, no início do melhor período dos Mambas. Encaixou-se perfeitamente no time, foi um batalhador incansável, transfigurando o meio-campo e a própria forma de jogar da equipa.
“A Tunísia entrou a pressionar, criando-nos muitas complicações nos primeiros minutos. Em duas infelicidades nossas eles marcaram os golos. Penso que temos que levantar a cabeça, porque a vida não acaba aqui e por causa desta derrota. Eles ainda jogarão em Maputo e muita coisa pode acontecer. Com este resultado, temos que nos aplicar ainda mais para manter vivas as nossas possibilidades de qualificação”.
Alexandre Zandamela
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