RECONHECEMOS a competência e o alto profissionalismo dos técnicos das duas formações. No entanto, Chiquinho Conde terá jogado da sua astúcia para se sagrar campeão.
Numa partida desta natureza, é evidente que todo o treinador lança para as quatro linhas a sua sabedoria na íntegra, Chiquinho Conde e Artur Semedo fizeram exactamente isso, mas, no fim, o primeiro é que foi feliz. Feliz porque o empate serviu perfeitamente para a concretização do seu desiderato, até porque, quando sentiu que o sofrimento do seu time podia resultar numa provável cedência, face à enorme pressão adversária, trancou-se devidamente, deixando no ataque apenas uma unidade para “entreter” os defesas do Desportivo.
O espectáculo foi uma verdade nesta contenda. As marcações bastante cerradas. Mas, do lado dos “locomotivas”, a perfeitíssima combinação entre Luís e Jerry foi abrindo brechas na retaguarda do Desportivo.
À excepção de Mayunda, que do ponto de vista atacante realizou uma belíssima partida, Mexer, Emídio – redimiu-se depois quando se tornou em “polícia” de Jerry – e Zainadine Jr. mostraram-se incapazes para travar as repentinas cavalgadas de Jerry. E foi numa dessas ocasiões que, tentando deixar o ponta-de-lança do Ferroviário em posição irregular, este, inteligentemente, soube escapulir-se e bater o guarda-redes Jaimito.
Os “alvi-negros” desconcentram-se. Aos 26 minutos, Luís, com toda a genica, oferece luta a Jaimito e este acaba cedendo, deixando o esférico à mercê do “locomotiva”. Luís mete para a entrada vitoriosa de Mendes, mas o árbitro Ainad Ussene, sob indicação do seu assistente João Paulo, anula o golo. Qual foi a irregularidade, se Mendes empurrou a bola com o corpo e, se eventualmente terá existido mão, foi depois de o esférico ultrapassar a linha fatal?
RAÇA “ALVI-NEGRA”
Com espírito de campeão e revelando a verdadeira raça “alvi-negra”, o Desportivo não demorou a inverter os papéis. Veio ao de cima o virtuosismo dos seus artistas, com Mayunda em grande, Muandro bem a atacar, Aníbal e Binó a deixarem a defesa “locomotiva” em apuros. Era o momento mais alto da equipa, premiado com o golaço de Muandro, levando a bola a embater na parte interior da barra transversal.
Apesar da igualdade, o Desportivo estava inconformado. Aumentou o seu caudal ofensivo, com um futebol aprimorado, toque curto e certeiro, embora as desmarcações não saíssem com a devida perfeição, pois a marcação sobre os homens mais desequilibradores era uma realidade. O Ferroviário começava a defender claramente. A entrada de Artur Manhiça, para o lugar de Mendes, quando se julgava que se destinava a fortificar o ataque, o certo é que veio ajudar na retaguarda.
As tentativas de visar a área de rigor de Mohamed sucediam-se, através de cruzamentos, mas encontravam a pronta resposta de praticamente toda a equipa “locomotiva”, gorando-se as pretensões do Desportivo.
O árbitro Ainad Ussene e os seus auxiliares não estiveram bem. Acusaram demasiadamente a responsabilidade do jogo e atabalhoaram-se, acabando por protagonizar algumas incongruências imperdoáveis num jogo desta índole.
FICHA DO JOGO
Árbitro: Ainad Ussene, coadjuvado por Edmundo Macamo e João Paulo. Quarto árbitro: Bernardino dos Santos
FERROVIÁRIO – Mohamed, Zabula, Tony, Jotamo e Fred; Whisky, Momed Hagy e Danito Parruque; Luís (Tchaka), Jerry (Joca) e Mendes (Artur Manhiça)
DESPORTIVO – Jaimito; Zainadine Jr., Mexer, Emídio e Mayunda; Nelinho, Tchitcho, Matlombe (Bito) e Muandro (Isac); Aníbal e Binó (Imo)
Acção disciplinar: cartão amarelo para Danito Parruque e Nelinho
Golos: 1-0, Jerry (17 m); 1-1, Muandro (40 m).
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