CADA vez mais, o sábado de todas as decisões para a Selecção Nacional de Futebol se aproxima. Aliás, é já amanhã.
E porque o seleccionador nacional não pretende ludibriar a ninguém, nomeadamente no que diz respeito à matriz táctica da equipa, o técnico disse ontem, na habitual Conferência de Imprensa que antecede estes embates, que os “Mambas”, essencialmente, vão ao Vale do Infulene à busca do resultado; do resultado que assegure a qualificação, ficando o futebol-espectáculo para outras ocasiões, pois esta partida, pelo seu cariz, não recomenda veleidades. Segundo ele, os seus pupilos têm que ter muita paciência e ser suficientemente inteligentes para dar a volta às múltiplas vicissitudes que os tunisinos irão impor.
Pela sua importância e singularidade, o desafio de amanhã está a mobilizar não somente a cidade de Maputo, que em particular terá o privilégio de o viver no seu âmago, como também todo o país. De diversos pontos, as informações são de uma expectativa jamais vivida nos últimos anos e “todo o mundo” está preparado para que a onda vermelha vinque a sua verticalidade. Ao mesmo tempo que se vão fazendo prognósticos e conjecturas sobre o desfecho da contenda, se aprimora a festa que deverá assinalar a transição dos “Mambas” para o grande convívio com a fina-flor do futebol continental.
Determinados, mas com alguma contenção, os tunisinos desembarcaram na noite de quarta-feira, num voo “charter”, tendo ontem efectuado um treino no campo do Costa do Sol. Esta tarde, à hora aprazada para o desafio, realizarão o tradicional treino de adaptação ao palco do jogo, neste caso, no Vale do Infulene. Humberto Coelho acredita que as “Águias do Cartago” têm chances de carimbar o passaporte rumo à África do Sul, no entanto, reconhece que Moçambique pratica um bom futebol e possui jogadores bem dotados tecnicamente, pelo que terá de encontrar antídotos para contrariar o favoritismo e a grande motivação da equipa e dos seus adeptos.
A SITUAÇÃO É SÉRIA
Interrompendo o seu ciclo normal de trabalho definido para esta curta semana, tendo em conta que, contrariamente ao habitual, o jogo é no sábado, Mart Nooij dedicou algum tempo, ontem de manhã, à Comunicação Social, para abordar vários contornos em relação ao desafio. Segundo disse a começar, à excepção de Mano, a braços com uma grave lesão e que o obrigou a uma intervenção cirúrgica, a equipa está completa e todos os atletas vêm treinando sem quaisquer limitações, facto que “a priori” deixa o “mister” satisfeito.O técnico holandês afirmou que, dependendo de tudo que possa acontecer, a situação é bastante séria e deve ser encarada como tal por toda a gente. A importância da partida não tem a ver somente com o peso do oponente, que reconhece ser reputado, mas acima de tudo com a concretização do sonho de todos nós, que é a presença no CAN, isto é, entre as 16 melhores selecções do continente.
“Como sabem, desde que cá cheguei o futebol da selecção tem sido iminentemente espectacular e elogiado tanto dentro como fora do país. Isso revela que os jogadores apreenderam os meus conceitos e há, indubitavelmente, um grande crescimento. Mas o futebol-espectáculo que habituamos os adeptos pode ter o seu fim, em face das circunstâncias, tal como irá acontecer no sábado. Isto porque não interessa jogar para a perfeição, mas sim para o objectivo que nos interessa, neste caso, a vitória e consequente qualificação para o CAN”, referiu.
Mart Nooij acrescentou que estamos perante uma partida em que a selecção pode não vir a preencher todas as expectativas, nomeadamente no que concerne ao seu futebol atacante, atractivo, maior posse de bola e sua circulação a toda a largura do terreno, pois o objectivo de triunfar obrigará a equipa técnica a mudar de estratégia, até porque se está perante um adversário com bons argumentos.
“Os atletas serão instruídos no sentido de jogar para construir o resultado que todos nós desejamos. Não terão a habitual liberdade para criarem a seu bel-prazer, dado que a responsabilidade é enormíssima. A Tunísia tem outros interesses, daí o nosso cuidado em relação à táctica e estratégia de jogo a utilizar”.
Segundo o “mister”, a partida de amanhã talvez irá exigir o dobro de concentração comparativamente àquilo que sucedeu diante do Quénia. Justificando, disse que os quenianos vieram a Maputo para se fecharem de forma compacta. Sabíamos que seria assim, daí que tivemos muita paciência e no momento certo fizemos o que pretendíamos. “Também contra a Tunísia teremos que ter paciência, mas o jogo, igualmente, nos exigirá muita coragem. Por isso, a equipa tem que estar bem mentalmente e os atletas usarem da sua inteligência para superar as fortes barreiras que terão pela frente”.
ALEXANDRE ZANDAMELA
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