quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

MOÇAMBOLA-2010 - Semedo prepara “canoa” para navegar no alto-mar





ARTUR Semedo tem a missão espinhosa de levar a Liga Muçulmana, clube com o qual assinou um contrato de duas épocas, a bom porto nas provas mais importantes do calendário futebolístico nacional, nomeadamente Moçambola e Taça de Moçambique.

Conquistar uma das duas competições é o objectivo perseguido por esta formação, desde que há quatro anos ascendeu à divisão principal. O técnico promete um “time” à sua dimensão e com os olhos postos no título, sendo essa sua premissa sempre que está à frente de uma equipa, sobretudo quando pertence a um clube com grandes ambições.

A aspiração da Liga Muçulmana pelo título exige do treinador um grande exercício para um conjunto à altura deste desafio, e Artur Semedo está ciente das dificuldades que terá pela frente para alcançar este objectivo, atendendo que tem consigo jogadores que vêm de experiências e hábitos diferentes.

Ressalvou, contudo, que o sucesso da equipa passará por um trabalho sistemático, para a adopção daquilo que são os seus princípios de jogo. Sendo assim, será necessário eliminar os hábitos que os atletas trazem consigo e que podem contrapor às novas metodologias que determinarão a nova maneira de estar do conjunto durante o seu mandato.

“Existe esta obrigação que é de lutar pela conquista de uma das principais provas. Independentemente da decisão da Direcção, é minha premissa lutar pelo título e o plantel de que disponho corresponde ao que pedi para que permanecesse ou viesse como reforço. Não é um plantel ideal, mas é um bom plantel”, sublinhou, ajuntando que algumas posições que pretendia que fossem melhor preenchidas escasseiam. “Falo de centrais, médios-ala de qualidade e também dos defesas laterais”.

Indagado se os jogadores de que dispõe estariam à altura de reagir positivamente aos métodos de trabalho que preconiza, Semedo respondeu que tudo ficará esclarecido com o trabalho em curso, sublinhando que o mais importante, neste momento, é comungar e promover a empatia para consolidar a interacção entre os jogadores.

Tendo em conta que a Liga Muçulmana esteve durante alguns dias na África do Sul, em preparação da temporada, o “mister” defendeu que os seus estágios não têm uma finalidade competitiva como tal, mas sim promover o conhecimento mútuo. “Fomos à África do Sul para buscar a interacção entre o grupo fora do ambiente habitual e para criar um espírito colectivo e coesão de modo que os jogadores se conheçam fora do seu habitat”.

COMPETÊNCIA SEMPRE GEROU INIMIZADE

O NOVO treinador da Liga Muçulmana falou, numa outra abordagem, daquilo que considerou de arbitrariedades que o nosso futebol vive, apontando o caso de Nelson, uma das novas pedras da sua equipa e que no ano transacto representou o Desportivo, neste momento a braços com um processo que classificou de injusto.

O jovem jogador não fez o último jogo do Moçambola da época passada, frente ao Ferroviário, por castigo numa das partidas do torneio de encerramento organizado pela Associação de Futebol da Cidade de Maputo (AFCM). Para Semedo, trata-se de duas competições que não “limpam” as suspensões nem duma nem doutra prova.

“Mesmo assim, Nelson não alinhou por ordens do presidente da AFCM. Portanto, em defesa de um clube, impediu que Nelson jogasse. Fizemos diligências junto à Liga Moçambicana de Futebol e não houve a devida resposta. Nem a Federação conseguiu fazer valer a justiça porque interessava, em conluio, que Artur Semedo não fosse campeão.

Estamos a falar de ilegalidades tornadas legais circunstancialmente, a favor deste ou daquele clube, e Nelson vai cumprir ainda o castigo que não existe esta época. Continuamos a assistir a arbitrariedades no nosso futebol, cometidas por gente responsável”, lamentou Semedo, sintetizando que, quando se é competente, não se pode esperar outra coisa, pois a competência sempre gera inimigos. No entanto, deixou um alerta aos seus detractores:

“Podem continuar com este comportamento, prejudicar-me aqui e ali, colocar obstáculos ao longo do meu trabalho, mas não serão capazes de me retirar este talento. Quanto a isso, não têm hipóteses e esse talento todos os anos está visível em mim. Mais: o Semedo da presente época será o mesmo do ano passado, que fala pouco e que se dedica ao seu clube. Remeti-me ao silêncio, no passado, porque conclui que não adianta lutar pelo bem do nosso futebol”.

Artur Semedo é o primeiro dos conceituados treinadores moçambicanos a assumir o comando técnico da Liga Muçulmana, depois que ascendeu ao Campeonato Nacional, a seguir ao brasileiro Paulo Camargo e ao português Manuel Gomes, mais conhecido por professor Neca, este último que se demitiu na recta final do Moçambola-2009, quando viu esgotadas as hipóteses de chegar ao título, tendo sido substituído pelo seu ex-adjunto Miguel dos Santos.

Entretanto, o plantel da Liga Muçulmana, para o ano de 2010, é o seguinte:

Guarda-redes - Binó, Neco e Victor.

Defesas - Fanuel, Gabito, Campira, Aguiar, Narciso e Mayunda.

Médios - Carlitos, Micas, Jumisse, Vling, Paíto, Filipe, Nelsinho, Nelson e Silvério.

Avançados - Maurício, Massitara, Chana e Eurico.

FANUEL E CAMPIRA DEVEM JOGAR DE FORMA MODERNA


NO início da época, chegou a ser dado como certo o regresso do central Fanuel ao Maxaquene, alegadamente porque na Liga Muçulmana, com Artur Semedo como timoneiro, não iria jogar.

Sendo um assunto pertinente, colocamo-lo ao próprio treinador, que refutou o caso, afirmando que a Direcção “tricolor” terá provocado esta polémica com o objectivo de persuadir o atleta a optar por aquele clube.

“Fanuel nunca quis abdicar da equipa por minha causa. Isso só pode ser obra dos dirigentes do Maxaquene que, precisando dele, criaram esta polémica”, acusou, sublinhando que o que Fanuel precisa é potenciar as qualidades que tem e jogar como se joga no futebol moderno, tendo em conta as suas qualidades/capacidades físicas e técnicas.

Semedo fez a mesma observação em relação a Campira, uma das novas aquisições da Liga Muçulmana. Segundo ele, Campira tem capacidades ímpares para fazer a posição de lateral direito.

“Arrisco dizer que é o melhor lateral deste país. Precisa de potenciar as capacidades que revela. Precisa de ser equilibrado quando envolvido nas duas acções, a defensiva e a ofensiva”, comentou.

Salvador Nhantumbo

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