segunda-feira, 1 de março de 2010

AFROTAÇAS-2010 - Flamingos Santos, 1-Costa do Sol, 3 : Soberbo "canário" frustra tswanas



DIGA-SE, em abono da verdade, que o Costa Sol deu um banho de futebol aos tswanas, usando da sua experiência e frieza, sobretudo na segunda parte, na qual conseguiu virar o rumo dos acontecimentos a seu favor, depois de uma entrada menos clarividente e que abriu espaço para que a equipa da casa chegasse com alguma facilidade à baliza defendida por Abu.

Aliás, os “canarinhos” terão pecado, inicialmente, ao dar a iniciativa de jogo ao adversário, à espera de oportunidades para contra-atacar. Jogou primeiramente um pouco recuado, o que permitiu que, numa das ofensivas do Flamingo Santos, o lateral direito João Mazive travasse em falta um atacante tswana, na zona de rigor, à passagem do minuto 17. O árbitro da partida, o namibiano Shikongo Rainhold, estava próximo da jogada e assinalou grande penalidade. Chamado a cobrir, o ponta-de-lança Mogakolodi Ngele atirou contra o poste. Mas, infelizmente, o juiz da partida mandou repetir o lance, por razões pouco claras, e Ngele acabou acertando, dando vantagem aos tswanas.

O Costa do Sol, mesmo sem carburar o suficiente, arrancou algumas jogadas vistosas, das quais o artilheiro Tó, felizmente recuperado da gripe, tentou visar a baliza defendida por Chenjerai Dube, mas sem sucesso.

Com o golo, os tswanas ganharam mais motivação e o sonho de poderem inverter o resultado a seu favor dominou os seus corações, mas encontraram uma forte resposta da defensiva “canarinha”, baseada nos centrais Jonas e Kito, com este último a ser bastante demolidor, saindo sempre em antecipação aos homens mais avançados dos tswanas.

O Costa do Sol foi gradualmente ganhando mais confiança e calma, conseguindo deste modo organizar o seu jogo, com passes alongados à procura do homem melhor posicionado. Rúben e Tó, as apostas do técnico João Chissano na linha da frente, foram ganhando bravura e confundiram a defensiva contrária, que, paulatinamente, foi abrindo espaço, permitindo que o primeiro arrancasse alguns remates junto da grande área.

No primeiro lance de belo efeito, numa combinação bem articulada por Rúben e Tó, este último obrigou o “keeper” tswana a ceder pontapé de canto, aos 30 minutos.

Porém, o lance mais clarividente foi aquele em que Tó, mais uma vez assistido por Rúben – a jogada iniciou nos pés de Josimar – rematou contra o travessão, a poucos metros da baliza, e na recarga, o meio-campista Sanito atirou ao lado. Tó demorou rematar, quando tinha espaço para o fazer e, quando o fez, a bola levou algum efeito e embateu na barra transversal.

Esta falta de frieza e eficácia dominou o Costa do Sol até ao fim da primeira parte, quando deveria ter saído pelo menos a empatar. Josimar não deu o brilho que dele se esperava e demorou para entrar em cena. Aliás, desperdiçou uma das oportunidades mais soberbas que o Costa do Sol teve aos 40 minutos, ao desviar o esférico ao lado com o guarda-redes tswana já batido. Num outro lance em que Rúben desmarcou Tó, junto da linha do fundo, este galgou pela linha para, junto da grande área, desenha um centro geométrico para Josimar desperdiçar.

REGRESSO EMPOLGANTE


O lateral direito João Mazive faz o corredor e, próximo da linha do fundo, centra para o segundo poste, onde apareceu Josimar a acertar de cabeça, isto nos minutos iniciais da etapa complementar. Foi um tento que apareceu no momento certo e que galvanizou o “canário”, que daí para frente assentou os pés e começou a mostrar o que sabe no terreno. Era o início do fim do Flamingo Santos, que, desdobrando-se atrás do prejuízo, foi abrindo cada vez mais brechas para que o Costa do Sol fizesse o seu jogo à vontade.

Contudo, a batalha não foi imediatamente ganha com este tento, pois o Flamingo Santos abriu todos os seus reactores para incrementar mais velocidade no ataque. O jogo ficou mais aberto e o melhor futebol veio ao de cima, com ambas as partes a tentar aproveitar no máximo as oportunidades que apareciam. E foi o Flamingo que se deu ao luxo de ameaçar cada vez mais o adversário e por pouco conseguia o segundo golo, mas Boitshoko Zikhale não foi certeiro, tendo falhado o alvo mesmo à boca da baliza.

O Costa do Sol ripostou de imediato, com Tó novamente a não ter calma suficiente, atirando à figura de Dube, aos 65 minutos. Porém, este acabou sendo o prenúncio do fim dos tswanas, pois o mesmo Tó, fazendo valer as suas capacidades individuais, atirou a marcar, depois de tirar um adversário da frente.

Veio o martírio para os tswanas, com o Costa do Sol a saber inteligentemente tirar proveito da vantagem. Fez circular a bola de pé para pé, com rotações constantes e mudanças de ângulos, fazendo correr o adversário atrás da bola, que dificilmente apanhava. Rúben, o maestro, foi gozando com os seus oponentes directos, mudando de flanco, sempre na tentativa de deixar Tó solto.

Aliás, João Chissano acabou sendo feliz na estratégia ofensiva, ao colocar o esquerdino Rúben ao lado de Tó, no ataque, apoiados por Sanito pela direita e Josimar pela esquerda. Rúben foi uma verdadeira dor de cabeça para os tswanas e um homem muito difícil de controlar. Sempre que tivesse a bola, tinha dois ou mais homens no seu encalço, mas sobressaía e fez várias assistências que, bem aproveitadas, teriam dilatado a margem da vantagem.

Mas, como a sorte estava do lado dos “canarinho”, o “score” acabou sendo dilatado por Vivaldo, que entrou no último quarto da contenda, substituindo Rúben. Foi um golpe de mestre, um remate bem colocado, de fora da grande área, para o desmoronar completo do império tswana.

Importa destacar, igualmente, a excelente actuação do guarda-redes Abu. Um homem que preenche por completo os postes e que por diversas vezes negou o golo aos tswanas, sobretudo naqueles saltos acrobáticos para, com palmadas, desviar o esférico.

A equipa de arbitragem fez um bom trabalho, apesar de um e outro erro.

FICHA TÉCNICA

Comissário da CAF: Chayu Kabalamula, da Zâmbia.

Árbitro: Shikongo Rainhold, da Namíbia, auxiliado por Shilunga Eratus e Shaanika David. Quarto árbitro: Johannes Lenard.

FLAMINGO SANTOS - Chenjerai Dube; Thato Bolweleng, Thabo Mothibi, Onkabetse Seforo e Sekgabo Molebatsi (Bokamoso Digwere); Farisai Nyamunamwendo, Tshegetsang Lopang (Gofaone Tiro), Bushy Moletsane e Godfrey Ngele; Boitsoko Zikhale (Ompolokile Alone) e Mogakolodi Ngele.

COSTA DO SOL - Abu; João Mazive, Kito, Jonas e Dito; Sanito (Hilário), Payó, Mambo e Josimar; Tó (Perry) e Rúben (Vivaldo)

Acção disciplinar: cartão amarelo para Dube, Motihibi, Nyamunamwendo e Lopang, Tó e Ruben.

SALVADOR NHANTUMBO, em Gaborone

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