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segunda-feira, 18 de janeiro de 2010
CAN ANGOLA-2010: Egipto, 2-Moçambique, 0 - Traiçoeira chuva benguelense
TRISTE coincidência, ou não, a chuva miúda que de repente se abateu sobre o Estádio Nacional de Ombaka, no decorrer do intervalo, longe de constituir uma bênção para os moçambicanos, foi, isso sim, uma traição a toda uma abnegação e desenvoltura que tinha caracterizado o jogo dos “Mambas” no período inicial.
É que, mal foi reatada a partida, com a chuva ainda a cair, surgiu um tento que se traduziu num autêntico murro no estômago dos nossos incrédulos jogadores, com o agravante de ter sido na própria baliza, através de Dário Khan. Foi um verdadeiro baque, pois se a primeira parte tinha acontecido dentro de uma atmosfera de grande intensidade de parte a parte, com as equipas a equivalerem-se, o segundo tempo seria, naturalmente, decisivo, porém, não assim tão cedo e abrupto como tudo se processou.
É verdade que os jogadores não baixaram os braços, antes pelo contrário, arregaçaram as mangas à busca da igualdade, mas o golpe tinha sido realmente muito duro e o público, que vinha apoiando incondicionalmente os moçambicanos, também se sentiu traído.
Tudo isto porque os “Mambas” vinham realizando uma exibição a todos os títulos primorosa, enfrentando os campeões africanos com uma classe e identidade espantosas. Com a lição bem aprendida – não fossem os erros cometidos diante do Benin motivo de introspecção e necessária correcção -, desta vez a turma nacional entrou de uma forma adulta e sem quaisquer temores em relação ao gigantismo do adversário.
E foi bom assim, pois cedo a equipa de Mart Nooij explanou à-vontade o seu encantador futebol, com trocas constantes de bola e mudanças de flanco, na perspectiva de cruzamentos para a zona perigosa do seguro El Hadary.
Com Dominguez pouco activo na sua acção ofensiva, dado que os egípcios ofereciam reduzido espaço de manobra, coube aos laterais Campira e Paíto engendrar os lances de ataque, pecando, no entanto, por serem demasiado denunciados, acabando Tico-Tico e Gonçalves, principalmente este último, por serem presas fáceis para a compacta retaguarda contrária, pronta para rechaçar quaisquer tentativas de ameaçar a sua baliza.
Com as equipas a encaixarem-se perfeitamente do ponto de vista táctico, do lado de Moçambique o esplendor da noite pertencia a Simão: bom no desarme, óptimo na leitura do jogo e excelente a sair com o esférico jogável e com segurança, até porque, nas suas costas, tinha em Mexer uma retaguarda de plena confiança.
Pelo Egipto, o infalível Ahmed Hassan, capitão do esquadrão árabe, voltava a vincar que realmente é um “play-maker” que qualquer treinador gostaria de tê-lo no seu plantel: incansável, vinha cá atrás buscar a bola e fazer jogar tanto os colegas da intermediária como do ataque, solicitando, preferencialmente, as entradas rápidas de Meteeb pelo flanco esquerdo e que acabavam por confundir a nossa defesa.
JOGO ABERTO
Com o jogo completamente aberto e interessante, as equipas repartiam o domínio dos acontecimentos. Enquanto os “Faraós” faziam-no de forma mais incisiva, empreendedora e aguda, sob a liderança de Hassan e perigosas entradas de Meteeb, Zidan e Shikabala, obrigando Kampango a defesas espectaculares, os “Mambas” evidenciavam algum défice ofensivo, daí que toda a beleza orquestrada na intermediária acabava por não ter sequência atacante, isto é, lances que efectivamente perigassem a baliza de El Hadary.
No entanto, verdade seja dita: quando a turma moçambicana se encontrava, toda a criatividade egípcia se esvaía, ficando a ousadia e o olhar destemido dos pupilos de Mart Nooij, reduzindo o adversário a meras funções secundárias.
Só que a grandeza do Egipto dificilmente se abate. A fugaz situação de espezinhado imediatamente era substituída por uma formação extremamente valente e forte, tanto a atacar como a defender.
São estas virtudes, aliás, que vieram ao de cima logo no princípio do segundo tempo e que constituíram o início de uma história que acabou por lhes ser feliz. O golo apontando por Dário Khan, na própria baliza, não surgiu por acaso.
O central moçambicano não teve arte nem inteligência para se desenvencilhar de uma bola bombeada rigorosamente para a zona perigosa e o segundo, pertença de Gedo, uma meia-volta desferida arquitectonicamente e à qual Kampango não teve hipótese de travar o esférico, até porque o lance foi muito rápido e a bola rematada com força.
Claramente diminuídos fisicamente, Gonçalves e Tico-Tico cederam os seus lugares a Josimar e Momed Hagy, respectivamente.
O ataque passou a pertencer a artistas propensamente da intermediária: Dominguez, Josimar e Genito, este último já a precisar de descansar – aliás, viria a ser substituído por Danito Parruque – o que fez com que Moçambique desaparecesse completamente na função de procurar o golo, facto agravado também pela redução de investidas pelos flancos.
Mais ríspido com os nossos jogadores no aspecto disciplinar – admoestou três elementos -, o juiz da partida, mesmo assim, levou a cabo um óptimo trabalho.
FICHA DO JOGO
Árbitro: Djaoupe Kokou (Togo). Assistentes: Manuel Cândido (Angola) e Anghesom Ogbamariam (Eritreia). Quarto árbitro: Koman Coulibaly (Mali).
EGIPTO – El Hadary; Fathi, Gomaa, Said (Mohamady, 47 m) e Fathalla; Moawad, Hosni e Shikabala (Gedo, 67 m); Hassan, Zidan (Eid, 56 m) e Meteeb;
Treinador: Hassan Shehata (egípcio)
MOÇAMBIQUE – Kampango; Campira, Dário Khan, Mexer e Paíto; Simão, Dominguez, Genito Danito Parruque, 86 m) e Miro; Tico-Tico (Momed Hagy, 67 m) e Gonçalves (Josimar, 51 m);
Treinador: Mart Nooij (holandês);
Acção disciplinar: cartão amarelo para Dário Khan (30 m), Miro (86 m) e Momed Hagy (89 m);
Golos: 1-0, Dário Khan (46 m), na própria baliza; 2-0, Gedo (80 m).
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