sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

CAN ANGOLA-2010 - Como actuaram os “Mambas” diante da Nigéria: Escassas soluções ofensivas para tanto requinte no meio



MART Nooij mantém-se inamovível na seguinte apreciação aos desequilíbrios que se têm verificado na defesa, com particular realce para a zona central: estamos desprovidos de três grandes pedras que marcaram de forma irrepreensível este sector, designadamente o falecido Nando Matola, o lesionado Mano e o ora trinco Simão.

Para o “mister”, esta é a razão clara e objectiva para situações como as que levaram, por exemplo, Dário Khan a marcar dois golos na sua própria baliza.No entanto, de um facto não se pode queixar o técnico holandês: um conjunto de belíssimos executantes na linha intermediária, harmoniosamente entrelaçados e que, diante da Nigéria, na quarta-feira, no Estádio Nacional da Tundavala, no Lubango, alimentaram com todo o requinte os homens da frente, porém, a estes faltaram soluções para se desenvencilhar da retaguarda nigeriana, sobretudo da defesa em linha montada para atrair os moçambicanos a caírem para o “off-side”.

Embora Genito tenha sido um grande obreiro, tendo, inclusive, protagonizado remates que obrigaram o guarda-redes Vincent Enyeama a defesas de recurso, Simão e Dominguez, com a sua perfeita sincronia, voltaram a ser os elementos de maior relevância na turma moçambicana, com o primeiro a mostrar-se destemido em todas as funções e o segundo impecável na elaboração de jogadas de ataque.

Neste CAN Angola-2010 está sendo perfeitamente clara a maturidade de Simão. Joga sem se atrapalhar e, no caso concreto da partida contra os nigerianos, foi o principal responsável pela não aparição de Obi Mikel. Simão não deixou espaço de manobra para o estratega das “Super Águias”, daí que acabou sendo Odemwingie, a partir dos flancos, a provocar situações de perigo junto à baliza moçambicana.

Conhecendo a sua excelente capacidade de drible e óptima leitura de jogo, os nigerianos optaram por montar uma vigilância cerrada sobre Dominguez, mas, mesmo assim, o menino-maravilha não deixou de ser aquele habitual diabo à solta, com fintas repentinas e solicitações para o lugar certo. Pena é que, repetimos, por vezes Dominguez leva tempo à procura de um colega melhor desmarcado, em detrimento de jogar com alguém que esteja próximo para desse modo se proporcionarem mais linhas de passe.

Obrigado a aplicar-se a fundo, tanto em voos como em lances rasteiros, Kampango viu-se “bombardeado” por múltiplos remates, uma vez que as “Super Águias”, achando ser difícil orquestrar penetrações, preferiam chutar à meia distância. Nos pontapés de canto, o “keeper” moçambicano mostrou-se atento, saindo com os punhos.

E nos golos? O remate de Odemwingie, no primeiro caso, foi indefensável e, no segundo, tratou-se de um toque rápido depois de um contra-ataque também rápido, com a defesa a reclamar um suposto fora-de-jogo. No terceiro, a sua aplicação ao remate de Obi Mikel, após roubar a bola a Paíto, foi maravilhosa, mas já não conseguiu evitar a entrada vitoriosa de Obafemi Martins, na recarga.

GÉNIO DE GENITO

Enquanto as condições o permitiram, Campira cumpriu bem o papel de ataque que ele muito bem gosta, no entanto, sem os habituais cruzamentos para a área, pois, com o esquema montado pelos nigerianos de concentrar muitas unidades no meio-campo, dificilmente se podia ultrapassar aquela barreira. Agravava a situação o facto de Odemwingie jogar naquele lado, ditando dessa forma um grande comedimento de Campira. Se tivesse caído em cima do adversário, provavelmente o remate para o primeiro tento não teria saído nas condições em que saiu.

Depois de ter actuado ao lado de Mexer em duas partidas, Dário Khan formou parelha com Fanuel, em virtude da lesão do central “alvi-negro”. Dário, como sempre, joga de forma determinada, vai à luta sem quaisquer temores, o que fez com que o ponta-de-lança Yakubu não dispusesse de espaço para rematar. Desta vez, esteve atento aos seus cortes/remates para a baliza de Kampango. Fanuel também esteve bem, principalmente porque soube gerir situações de “despachar” o esférico, quando o perigo fosse iminente, e de sair com a bola controlada e jogar à vontade.

Paíto procurou explorar da melhor forma o seu flanco, com rasgos bastante rápidos, esbarrando, porém, no compacto meio-campo contrário. Como solução, tentou o remate à meia distância e até se saiu bem, ao criar situações que obrigaram o guarda-redes Enyeama a defesas de recurso. Todavia, Paíto comprometeu no lance do terceiro tento, ao perder a bola, incompreensivelmente, para Obi Mikel.

Com o seu génio, Genito foi um dos homens mais em evidência no conjunto moçambicano. Jogou e construiu lances para os colegas. Firme com o esférico nos pés e a subir pela linha lateral, foram da sua iniciativa as solicitações à dupla atacante, tanto no jogo aéreo como no rasteiro. Em várias ocasiões “encheu o pé” para defesas apertadas do “keeper” nigeriano. Exausto, foi substituído aos 67 minutos por Josimar. O jovem “canarinho” trouxe a sua dinâmica ao jogo, mas não acompanhado, dado que os colegas já tinham caído no conformismo e as iniciativas rareavam.

Miro não foi explosivo tal como lhe é peculiar. Mesmo assim, cumpriu o seu papel de construtor de jogadas de ataque, sobretudo por se acrescentar como mais um elemento no ataque. Aos 74 minutos, foi rendido por Momed Hagy, que se encaixou no jogo defensivo então adoptado pelo técnico, na tentativa de perder por menor número de golos.

A parelha da frente não foi capaz de bater a retaguarda nigeriana. Vendo que era difícil jogar entre aqueles gigantes, Tico-Tico ainda recuou para iniciar jogadas a partir do meio-campo, só que complicava a situação, dado que acabava por exercer o mesmo papel de Dominguez.

Viu-se, nitidamente, que está diminuído fisicamente, não se compreendendo a sua manutenção nas quatro linhas até aos 90 minutos. Dário Monteiro, por seu turno, bem tentou lutar ali na zona frontal à baliza, mas debalde. Foi pouco solicitado pelos colegas e os seus remates foram contra o corpo dos adversários. Danito Parruque, que o substituiu aos 83 minutos, teve pouca acção na partida.

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