segunda-feira, 20 de abril de 2009

MOÇAMBOLA-2009 - Matchedje, 2-Maxaquene, 0 : Eis o rugir dos “leões da floresta”!

À ENTRADA para o Estádio da Machava deparámo-nos com uma figura incontornável do Matchedje, na dourada epopeia dos anos oitenta e noventa: Nicolau de Sousa, ou simplesmente Nico.

Jacinto remata para o primeiro tento dos “militares” (C. BILA)

Veio-nos imediatamente a imagem desse período áureo da turma militar, que inclui o actual treinador da equipa, Nacir Armando. Vaticinámos: hoje, os “leões da floresta” vão de facto rugir, pela primeira vez neste Moçambola. E saímo-nos bem, pois, apesar de estes “leões” serem mais citadinos do que propriamente da floresta, por razões conjunturais óbvias, a verdade é que são de uma ambição que algum dia teria de lhes levar à vitória. E essa aconteceu ontem, no Estádio da Machava, perante um Maxaquene que, particularmente na etapa inicial da contenda, fez por merecer o triunfo, no entanto, a displicência dos seus atacantes assim o não permitiu.

Vários factos merecem referência em redor deste embate.

Primeiro, a arbitragem. Numa partida aparentemente fácil de dirigir, até porque isenta de casos de grande monta, o senhor Geraldo Gueze complicou-se tremendamente, acabando por ter influência no desfecho. Um cabeceamento de Nito para canto, a favor do Matchedje, que “todo o mundo” viu, foi atirado ao caixote de lixo pelo árbitro, apesar da indicação do seu assistente Célio Mugabe, coitado, ignorado como se a sua missão fosse supérflua. Depois, a inexistente grande penalidade, quando Chana foi derrubado à entrada da grande área por Nito, e que daria o 2-0 aos “militares”.

Segundo, o estranho Maxaquene de ontem. É verdade que, do ponto de vista ofensivo, o seu futebol teve qualidade, mas a finalização foi penosamente atroz, perante um quadro de oportunidades claríssimas de chegar ao golo.

Resultado: o próprio treinador Litos atabalhoou-se, sentiu-se intranquilo, mormente quando Jacinto abriu o activo, aos 27 minutos, e efectuou substituições precipitadas – entraram Eurico e Michael para os lugares de Macamito e Campira -, sem analisar as possíveis consequências, tendo em conta o tempo de jogo ainda disponível.

Ou melhor, quando se pensava que ia encontrar soluções para se desenvencilhar da teia montada pelo adversário, a emenda foi pior que o soneto, e o que se viu, posteriormente, foi uma equipa incapaz de construir algo vistoso.

Terceiro, o antijogo do Matchedje. Apesar da sua grandeza, a turma de Nacir Armando teve um comportamento de pequenez. Senão vejamos: logo que inaugurou o marcador, as lesões – claramente simuladas – começaram a surgir às catadupas, numa evidente demonstração de “queimar o tempo”.

A isto juntava-se o total alheamento a bolas perdidas, obrigando os “tricolores” a servirem praticamente de “apanha bolas”. Mesmo nas substituições, tudo era feito a passo, sem pressa nenhuma, facto que levou o árbitro a admoestar Jacinto, embora julguemos que Geraldo Gueze devia ter sido mais contundente, em salvaguarda do jogo limpo e do espectáculo.

MATCHEDJE MORDAZ

Pela forma como os “tricolores” iniciaram o jogo, pairou a sensação de um triunfo gordo. Num jogo aberto do ponto de vista atacante, o Maxaquene desfrutou do maior quinhão de oportunidades, com Hélder Pelembe e Eusébio a repartirem-se nos lances, sendo os mais evidentes os protagonizados por Eusébio, já que a baliza estava completamente escancarada.

Não marcando o adversário, o Matchedje, mordaz, partiu para a acção. A passe de Chana, Jacinto é dono e senhor de uma jogada de grande envolvimento e que acaba com o esférico no fundo das malhas de Soarito. Acordados, os “militares” emprestaram mais velocidade e qualidade ao seu futebol ofensivo, de nada valendo as intempestivas substituições feitas por Litos, pois o Maxaquene não só não teve resposta cabal ao jogo do seu oponente como também viu drasticamente reduzida a sua acção atacante.

É verdade que o Matchedje viria a selar o seu triunfo através de um “penalty” inventado pelo árbitro, com Vieira, na cobrança, a fazê-lo de forma superior, mas também não resta a menor dúvida que os três pontos – os primeiros no Moçambola-2009 – assentam-lhe perfeitamente.

FICHA DO JOGO

Árbitro: Geraldo Gueze, coadjuvado por Edmundo Macamo e Célio Mugabe. Quarto árbitro: Estêvão Matsinhe.

MATCHEDJE – Víctor; Caló, West, Silva e Vasco; João (Avu), Rogério, Jacinto (Abdul) e Vieira; Chana e Patrício (Zuze).

MAXAQUENE – Soarito; Campira (Michael), Mustafá, Faria e Nito; Kiki, Jumisse, Liberty e Macamito (Eurico); Eusébio (Steven) e Hélder Pelembe.

Acção disciplinar: cartão amarelo para Campira, Eusébio, João, Faria e Jacinto.

Golos: 1-0, Jacinto (27 m); 2-0, Vieira (86 m), de grande penalidade.

ALEXANDRE ZANDAMELA

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