quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

CAN ANGOLA-2010: Nigerianos tentam afastar “fantasmas”



DEPOIS de Angola ter sido responsável pelo afastamento do Mundial de 2006 e também “roubado” a organização do Campeonato Africano das Nações (CAN) de 2010, a Nigéria, um dos gigantes do futebol continental, estará em prova com a missão de superar os "fantasmas" do passado.

As “Super Águias”, como é designada a selecção de futebol, têm uma história cheia de suspense, mas rica de valores individuais, sua principal fortaleza, já que colectivamente pecam no que à organização diz respeito. Venceram dois CAN (1980 e 1994), quatro finais, 12 presenças nas meias-finais.

Conseguiram chegar ao Mundial pela primeira vez em 1994 e desde então apareceram mais duas vezes e só não atingiram ao Alemanha-2006 por culpa dos “Palancas Negras”. Porém, este ano estarão na África do Sul, prova da qual Angola foi eliminada ainda na primeira etapa.

Além disso, a equipa nigeriana ganhou a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Atlanta, Estados Unidos da América, quando venceu o Brasil nas meias-finais e a Argentina na final. Com Rashidi Yekini, seu maior artilheiro de todos os tempos (37), as “Super Águias” deixaram registos dourados também nos Jogos Panafricanos, em 1973, duas medalhas de prata (1978, 2003) e duas de bronze (1991, 1995).

As selecções de base da Nigéria ganharam o título do Campeonato Mundial de Sub-17, em 1985, 1993 e 2007. Também venceram a Taça das Nações Afro-Asiáticas e da CEDEAO. Nos Mundiais de 1994, nos Estados Unidos da América, e de 1998, em França, o "gigante" africano caiu nos oitavos-de-final, mas na Coreia do Sul e Japão, em 2002, ficou logo na primeira fase.

Nos Campeonatos Africanos os nigerianos ficaram na fase inicial em 1982, porém em 1984 subiram ao pódio, tendo perdido a final para os Camarões (1-3). Por ser uma selecção de oscilações, fazendo grandes exibições e na mesma proporção também péssimas actuações, da Nigéria tudo se espera.

Um recuo no tempo mostra as “Super Águias” com estatuto no continente, evidenciado no segundo lugar na Costa do Marfim, em 1984, mas a decepção seguiu-os depois com o afastamento no Egipto1986. A Nigéria não disputou as edições inaugurais (1957, 1959) e desistiu na de 1962, para regressar e ficar na primeira fase em 1963.

A irregularidade com que se apresenta em competições torna esta selecção na mais imprevisível de todas as candidatas, presentes no CAN de Angola entre 10 e 31 de Janeiro corrente, apesar de ter dois títulos.

Não disputou a prova de 1965, falhou apuramento em 1968, desistiu em 1970 e foi eliminada em 1972 e 1974, mas no retorno em 1976 e 1978 conquistou o terceiro lugar e em 1980 sagrou-se pela primeira vez campeã africana. Em 1982 ficou na primeira fase. Em 1984 sagrou-se vice-campeã e para confirmar a oscilação foi afastada na fase preliminar em 1986.

Entre 1988 e 1990, ganhou a medalha de prata e em 1992 bronze, para acordar em 1994, com o título e brilharete no Mundial-94, com figuras destacáveis como Amunike e Yekini. Sendo uma selecção que promete muito no início mas acaba mal, pela desorganização, a Nigéria desistiu depois de ter se classificado em 1996.

Por essa atitude, a Confederação Africana de Futebol baniu as “Super Águias” na edição de 1998, no Burquina Faso. Para consolidar o estatuto das incertezas, voltou em 2000, com a conquista do segundo lugar, tendo depois repetido o terceiro posto de 2002 a 2006.

Sem Ikpeba, Amunike, Amokachi, Yekini, Jay-Jay Okocha, Taribo West, Sunday Oliseh da geração mais gloriosa dos nigerianos, agora constrói-se uma equipa, que mescla veterania e juventude, destacando-se os Nwankwo Kanu, Victor Obinna, Yakubu Aiyegbeni, Obafemi Martins, Vincent Enyeama, Joseph Yobo e Obi Mikel.

Com estes e outros jogadores, na maioria a militar em grandes ligas europeias, as Águias da Nigéria querem voar alto na sua 16ª participação em CAN, mas deixam no ar a velha questão da equipa eliminada nos quartos-de-final pelo Gana (1-2) em 2008: o gigante vai acordar?

Sem comentários: