
SEGUNDA-FEIRA. Início da semana. Um dia estranho para alguém se dar ao tempo de ir à bola-ao-cesto.
No entanto, caros leitores, quem ontem à noite não esteve no pavilhão dos “tricolores” perdeu – e de que maneira! – uma noite inolvidável, uma partida a todos os títulos estupendo, proporcionado por duas fantásticas equipas. Dá para dizer, indubitavelmente, que de facto temos básquete.
O espelho mais fiel foi este terceiro duelo de gigantes, ganho meritoriamente pelo Maxaquene pela marca de 93-82 e sua consequente qualificação para a final da segunda edição da Liga Nacional de Basquetebol Vodacom. Caindo verticalmente, o Ferroviário viu frustrar-se o seu projecto de chegar ao quinto título consecutivo, apesar do extraordinário esforço de Gerson Novela, um jogador simplesmente espectacular.
Foram quatro longos anos que os “tricolores” esperaram para derrotar os “locomotivas” num desafio decisivo como este. O último título nacional maxaquenense data de 2004, curiosamente, conquistado diante do Ferroviário. Este, por seu turno, e também perante os “tricolores”, ganhou o campeonato em 2005, 2006, 2007 e 2008. Com o passaporte para a final, a turma do espanhol Josseba Garcia aguarda agora pelo seu adversário, a sair do desempate entre Ferroviário da Beira e Desportivo, cujo jogo está marcado para o próximo sábado, no Chiveve.
No encontro de ontem, as condições estiveram plenamente criadas para que todos os interviestes brilhassem. Conhecendo-se de cor e salteado, as equipas apresentaram-se bastante equilibradas e com máxima prudência. O Maxaquene, mais forte do ponto de vista de conjunto, tinha no americano Jason Hartford a sua seta venenosa, bem potenciada pela excelente qualidade de jogo do perspicaz Fernando Manjate, a alimentar também as entradas em grande de Samora Mucavele, uma das melhores unidades em campo.
DESQUALIFICAÇÕES
A despeito da super dependência da criatividade de Gerson, uma verdadeira jóia nas quatro linhas, o Ferroviário sabia manter a verticalidade, até porque, na tabela, mostrava-se implacável, graças à acção de Octávio Magoliço, Beto Macuácua e Neo Mothiba. A persistência “locomotiva” era um facto irrefutável, senão vejamos: os “tricolores”, na etapa decisiva da contenda, agigantou-se para uma diferença de 16 pontos, mas o Ferroviário, exemplarmente crente, encetou uma ameaçadora recuperação, reduzindo para seis pontos. Uma verdadeira obra, tendo em conta que o Maxaquene estava espevitado e com uma boa organização de jogo.
Mas a verdadeira decisão ainda estava por vir e o protagonista não podia ser outro: Gerson Novela. O estratega “locomotiva” atingiu a quinta falta e o desmoronamento da equipa foi imediato. Aliás, as desqualificações de nomes sonantes seguiram-se às catadupas: Ricardo Alípio, Edson Monjane e Beto Macuácua. Ora, o que mais se podia esperar? O baque do Ferroviário foi inevitável, a contrastar com o cada vez mais evidente crescimento competitivo e psicológico do Maxaquene, cujo treinador foi estrategicamente maravilhoso.
Discutíveis para uns, correctas para outros, o certo é que as infracções cometidas pelos campeões nacionais, particularmente por Gerson, acabaram sendo determinantes para a sua derrota, sobretudo porque aconteceram numa altura crucial do jogo. Para os “locomotivas”, os árbitros foram os bodes expiatórios.
FICHA DO JOGO
Árbitros: Célio Chiau, Guilherme Júnior e Guidione Matsinhe
MAXAQUENE (93) – Fernando Manjate (10), Manuel Uamusse (0), Samora Mucavele (17), Sílvio Letela (11), Eric Banda (9), Siade Cossa (0), Ivan Cossa (0), Stélio Nuaila (7), Abel Mabetene (4), Jason Hartford (32), Cesário Chipepo (3) e Aniceto Honwana (0)
Treinador: Josseba Garcia
FERROVIÁRIO (82) – Ricardo Alípio (3), Martinho Sobrinho (0), Jerónimo Bispo (4), Recildo Tiua (0), Beto Macuácua (16), Octávio Magoliço (23), Ermelindo Novela (4), Quinton Denyssen (3), Neo Mothiba (2), Edson Monjane (10), Helénio Machanguana (2) e Gerson Novela (15)
Treinador: Carlos Alberto Niquice
Marcha do marcador: 22-23, 42-44, 72-63, 93-82.
ALEXANDRE ZANDAMELA
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