TEMPO de reflexão para Diego Maradona. Passaram nove meses desde que "El Pibe" assumiu o cargo de seleccionador da Argentina e, pegando na deixa, o "site" da FIFA começou a entrevista com a questão da paternidade.
“Sim, tem sido um pouco parecido com ser pai. Mas neste tempo só consegui ter os rapazes por um mês e meio. É muito pouco, tendo em conta o que se tem para trabalhar. Tem sido bom, mas agora é preciso colocar conceitos dentro dessas 25 cabeças quanto ao que têm de fazer dentro e fora de campo. Já passei por isso, e por isso coloco minha experiência à disposição do grupo", disse.
Por causa dessa "dor de cabeça", Maradona desabafa, recordando o passado e colocando o futuro em perspectiva: "Divertia-me muito mais quando era jogador. Tem sido duro, mas não fujo às minhas responsabilidades. Aconteceram coisas muito feias em minha vida, me reinventei e hoje estou à frente da selecção argentina. É um sonho."
Na conversa, o astro argentino revela o lado menos bom do trabalho: "É preciso estar sempre ao telefone, sabendo como estão os jogadores. É muito mais logística do que estar com eles. Mas, as coisas são assim."
"É injusto que esperem ver o estilo Maradona quando tenho os rapazes dois dias antes de cada partida. Trabalho com o que tenho, faço e desfaço em três dias. Os jogadores chegam de uma viagem longa e precisam de um tempo para relaxarem e esticar as pernas, por isso não se pode trabalhar muito antes de cada jogo. Não posso colocá-los em duplo turno. Vou passando o que quero ao grupo, mas pouco a pouco. Mais que director técnico, sou um técnico."
Maradona revela que acorda durante a noite com ideias para colocar em prática e que as anota de imediato:
"Sim, é verdade. Jogadas para livres, cantos. Por exemplo, quero que a equipa encurte muito mais no ataque, que não existam tantos espaços entre a defesa, meio-campo e ataque. Assim, quando perdermos a bola, estaremos em cima do adversário de imediato. A Argentina deve aproveitar uma coisa: temos muito mais domínio que os outros. O Brasil tem o que nós temos, mas nem Itália, nem Alemanha têm. Talvez só a Espanha tenha conseguido algo parecido nos últimos tempos."
Quanto às principais equipas que preparam a pré-temporada, Maradona também expressou a sua opinião: "O Milan anda muito em baixo, o Inter continua a manter o mesmo nível. O Real Madrid, acho que vai mudar muito com Kaká, vai provocar desequilíbrios. O que não entendo é o Gago não jogar. Deveriam colocá-lo em campo, mas, mesmo assim, continua a ter a minha preferência."
Quando passou à análise de jogadores que o surpreenderam, o seleccionador argentino elegeu brasileiros: "Felipe Melo foi uma grande descoberta para o Brasil e Hulk, do FC Porto, também provocou um grande impacto. E também estou intrigado com Ronaldinho. Parece estar de novo em forma mas perdeu o poder de explosão. Espero que volte ao que era, mas só depois de jogar com a Argentina."
E quando falou de Messi deixou nova piada: "Dos nossos, vejo que (Diego) Milito está bem e o Kun (Sergio Agüero) também. Tentei telefonar ao Messi, mas é mais fácil falar com Barack Obama do que com Leo. Contaram-me que está a fazer uma boa pré-temporada”. (O Record).
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