quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Matchedje é o orgulho das FADM

O MATCHEDJE quebrou o silêncio. Era até agora a única equipa das da cidade de Maputo que irão disputar o Moçambola-2009 que ainda não havia se apresentado publicamente.

O MATCHEDJE quebrou o silêncio. Era até agora a única equipa das da cidade de Maputo que irão disputar o Moçambola-2009
Só o fez logo nas primeiras horas da manhã de ontem, já de malas aviadas para a Zâmbia, onde cumprirá um estágio pré-competitivo de cerca de 11 dias. Na despedida estiveram o Ministro da Defesa Nacional, Filipe Nyussi, que se fazia acompanhar de altas patentes do seu “pelouro”, alguns dos quais coincidentemente dirigentes do clube. O Matchedje deste ano está rejuvenescido com muitas caras novas em todas as áreas. Nacir Armando vai comandar um “Exército” que o ministro da Defesa quer ver bastante operacional em todas as frentes. Por isso deixou um alerta aos recrutas” e recordou aos que lá já estavam que Matchedje é o orgulho das Forças Armadas de Defesa de Moçambique.

O Matchedje escolheu a Zâmbia como o primeiro centro de instrução para os seus soldados. Onde será preparada a rampa de lançamento das suas armas visando a temporada 2009. Naquele país, os “militares” vão ganhar fôlego e ainda “limparem as armas” para as batalhas que se seguirão, principalmente o Moçambola e a Taça de Moçambique/mcel. Em princípio serão quatro jogos-treino, alguns dos quais com equipas do primeiro plano, como são os casos do Green Bufallos e Redd Arrows.

No momento da despedida, apesar de ainda ser prematuro, todos os jogadores comprometeram-se perante o ministro da Defesa Nacional a portarem como verdadeiros embaixadores da “Pátria Amada”. Aliás, Nyussi já lhes havia dito que “respeitem a população que vai estar convosco. Respeitem as condições a que seremos entregues”, em alusão a possíveis reivindicações próprias de atletas sem disciplina.

Filipe Nyussi chegou à hora prevista, como que a mostrar os seus subordinados que a “pontualidade é a regra de disciplina”. Pouco tempo depois de ter sido recebido pelos dirigentes do Matchedje, encabeçados pelo respectivo presidente Eugénio Chongo, tomou o pulsar da equipa e falou um pouco de tudo o que lhe vinha na alma com toda aquela calma que lhe é peculiar e que fez dele um grande dirigente desportivo na capital do norte – Nampula, embora já com responsabilidades acrescidas.

“Já nos conhecemos. Conhecemo-nos como desportistas. Vocês nos vossos clubes e nós também nos nossos clubes. E fomos sempre criando uma relação que nos acaba juntando mais uma vez”, estas foram as primeiras palavras de Nyussi dirigidas aos atletas que lhe acabam de apresentar.

“Quero anunciar à direcção e aos atletas que, mais uma vez, no âmbito das parcerias que vocês têm com a sociedade civil, com os agentes económicos e com outros povos que se juntam às Forças Armadas de Moçambique na promoção do desporto tivemos uma oferta, que não é a primeira, feita pelo nosso amigo, vosso parceiro do desporto, o Sr. Moura. Ele que está mais apaixonado pelas equipas militares em Tete, mas nós dissemos que comece pela casa principal e depois vamos para Tete. Então ele veio ontem (anteontem) de Tete a correr, porque sabia que hoje (ontem) vão para a Zâmbia e que a oferta que queria fazer ao Matchedje poderia ser útil para a vossa deslocação. Ele trouxe mais uma encomenda para o Clube Matchedje (equipamento desportivo)”, disse logo de seguida, anunciando mais apoios para os “militares”.

Nyussi recordou que o desporto faz parte da preparação das Forças Armadas de Moçambique, ao mesmo tempo que explicava as razões da deslocação da equipa à Zâmbia.

“Queríamos recordar a todos presentes aqui que faz parte do programa de preparação das Forças Armadas de Defesa de Moçambique o desporto. Portanto, não há nenhum clube mais autorizado e obrigado a praticar o desporto senão o Matchedje, porque faz parte do seu programa de existência. É um clube que todos sabem que é antigo.

É antigo, forjado desde o início da criação das Forças Armadas de Defesa de Moçambique como continuadora dos que libertaram este país. A vossa deslocação enquadra-se no âmbito dos acordos que o Ministério da Defesa Nacional tem com Ministérios da Defesa Nacional doutros países, onde engloba ou completa o trabalho das Forças Armadas, portanto os militares.

Sabem bem que grande parte das equipas militares a nível da região da SADC são compostas por militares mesmo. No caso de Moçambique a sociedade civil, através de todo o atleta, tem espaço. Mas há jovens que se estiverem em idade de serviço militar, se calhar fosse bom aproveitarem o vosso tempo, porque estarão aqui um ano, dois, três... para cumprirem o vosso dever. Assim não doía mais.

Escusavam-se de estarem à espera de um dia serem incorporados porque já estão no sistema. Vocês vão viver um dinamismo militar. Vão trabalhar com as equipas militares, por exemplo esta vossa deslocação para a Zâmbia vão fazer dois jogos com equipas militares, uma delas é do Comando do Exército. O que é Comando do Exército(?).

Ao nível das Forças Armadas existem, neste caso de Moçambique, três ramos; o ramo da Força Aérea, o ramo do Exército e o ramo da marinha. Para os zambianos cada ramo tem uma equipa e todas competem a nível nacional e estão no Campeonato Nacional, são equipas que ganham títulos como nós já ganhámos. São equipas compostas por militares. Mas não é o vosso caso. A nossa lei está clara. Não significa que se não for à tropa não vai ser convocado. Não é isso que estamos a dizer. Mas se acharem que passariam melhor tempo fazendo as duas coisas como o vosso treinador o fez quando esteve cá tudo bem. É mais um exemplo de que isso é possível.

Vamos pedir a vocês, como sempre, a disciplina. A equipa de futebol é praticamente um conjunto militar, porque guia-se por um capitão. É comandada por um corpo técnico. Existem as hierarquias. Por isso, queremos que sejam disciplinados no país dos nossos amigos.

Quando souberam que, mais uma vez, o Matchedje estava no Campeonato Nacional ofereceram-se imediatamente a cuidar de nós para uma missão que vamos concretizar agora para ver se mais uma equipa militar na região comece a vibrar. Acordos desses não são só com a Zâmbia. Das últimas conversas que tivemos ficaram com ciúmes mais outros países. Temos convites para treinamento noutros países da SADC. Vamos começar pela Zâmbia, porque eles é que tomaram a dianteira”.

Para o ministro da Defesa Nacional, o estágio na Zâmbia deve ser proveitoso, principalmente na formação de uma equipa coesa capaz de tarnspor todos os obstáculos que possam aparecer pela frente esta temporada.

“O objectivo da vossa saída não é de irem passear, mas para terem tempo de construir a equipa. Agora é preciso criar a coesão dentro dum regime que vocês vão ter, para além da preparação. Vão ter oportunidades de competições com equipas que já estão a trabalhar a mais tempo e que têm vindo a ganhar a nível da nossa região. Vamos desejar que se portem bem. Tenham saúde. Respeitem a população que vai estar com vocês. Respeitem as condições a que seremos entregues.

O africano dá aquilo que tem. Normalmente o pouco que tem gosta de partilhar. É o que vai acontecer. Não vão fazer exigências de coisas que eles não podem ter. Naturalmente não estamos a dizer para irem passar momentos completamente difíceis. Mas aconselhamos a terem a consciência de sempre. Devem-se dedicar. Devem-se empenhar.

Devem tirar o máximo proveito do momento que ali estarão, porque o Matchedje é o orgulho das Forças Armadas de Defesa de Moçambique. Em todo o lado o Matchedje tem adeptos. O Matchedje tem uma particularidade, tem adeptos ou sócios que são doutras equipas. Não podemos decepcionar tanta gente do Matchedje que de vocês muito espera. A expectativa é maior, mas não vamos vos pressionar para fazerem uma época imaginária. Apenas dizer para fazerem o desporto da melhor forma, dignificando as Forças Armadas de Defesa de Moçambique”, destacou.

Nyussi aproveitou a deixa para convidar os atletas do Matchedje, na sua maioria civis, a saberem conviver com os militares, porque ao longo do período que estiverem lá vão ter, nalguns casos, que lidar com eles.

“Estamos a pensar em promover - o que foi uma directiva do Conselho Coordenador - o festival desportivo este ano. Se a agenda do ano nos ajudar irá acontecer e nesse momento serão chamados a dar a vossa contribuição a jovens espalhados pelas unidades militares por todo o país. A vossa presença, a vossa contribuição, o vosso encorajamento aos vossos colegas vai ser muito útil, porque eles se encontram a cumprir as suas missões fora das suas famílias. O Matchedje quando for às províncias vai viver o calor dos jovens militares. Hão-de visitar algumas unidades militares para perceberem como é que os vossos colegas, que vocês representam, vivem, como eles pensam. Isso vai ser uma partilha de experiências úteis para vocês mesmos para ganharem o valor patriótico que já têm quando representam as vossas equipas ou essa equipa fora das nossas fronteiras”.

GIL CARVALHO

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