sexta-feira, 5 de junho de 2009

QUALIFICAÇÃO PARA CAN E MUNDIAL DE 2010 - Santuário magrebino reavivará lindo sonho dos moçambicanos?

VAI se aproximando, celeremente, a hora da verdade. A contagem decrescente não perdoa, e a Selecção Nacional desce esta noite ao relvado do Estádio de Rades, arredores de Tunis.

Muita entrega e dedicação nos treinos dos “Mambas” (C. Bila)
Ainda não é o grandioso encontro com a Tunísia, pois esse momento sublime está reservado para o dia de amanhã. Trata-se, isso sim, do primeiro e único treino de adaptação ao piso, bem como à hora marcada para a contenda – 18.00 horas locais (19.00 de Maputo).

A despeito de o estágio em Tripoli não ter sido cumprido por todos os atletas, em virtude de Paíto e Simão não terem conseguido o visto de entrada para a Líbia, a partir da Suíça e da Grécia, respectivamente, a verdade manda dizer que o técnico Mart Nooij voltou a ver o sorriso simpático estampado no seu rosto, ao contar à sua disposição com todo o “esquadrão de morte”, pronto para fazer face ao temível adversário da segunda jornada do Grupo B de qualificação para CAN e Mundial de 2010.

Embora, nos últimos anos, a incidência não seja assim tão grande comparativamente às décadas de oitenta e noventa, é importante afirmar que o império do futebol africano residiu no Magrebe. Países como Marrocos e Argélia baixaram de forma drástica e praticamente deixaram de pertencer à elite, para onde passaram a morar Nigéria, Camarões, Costa do Marfim, Gana e Senegal. No entanto, sublinhe-se, Egipto, sobretudo este, e Tunísia não abdicaram do seu estatuto de potências indiscutíveis do continente, tanto a nível de clubes como de selecções.

Ora, significa isto, caros compatriotas, que devemos nos consciencializar do seguinte: os “Mambas” defrontam amanhã uma das formações de grande referência no panorama continental e que na presente década marcou presença em dois Campeonatos do Mundo consecutivos: Japão/Coreia-2002 e Alemanha-2006, estando assim à procura da terceira participação neste período. É, portanto, uma Tunísia extremamente animada com o seu percurso, tendo para esta campanha ido buscar o treinador português Humberto Coelho.

A estreia do lusitano foi vitoriosa, por 2-1, em Nairobi, diante do Quénia. De permeio, os “Leões do Cártago” convidaram o Sudão para um ensaio antes do embate do Moçambique, ganhando por quatro bolas sem resposta.

Na Tunísia, vive-se um ambiente verdadeiramente efervescente. Uma autêntica loucura em redor da selecção, pressionada a qualificar-se para o “Mundial”. O Estádio de Rades, cuja capacidade é de 50 mil espectadores, já tem a lotação completa, com os adeptos ansiosos de ver o seu time manter a senda de vitórias. Faz sentido, pois, o facto de o treinador ter chamado todo o arsenal “europeu”, até porque, mesmo crente na capacidade da sua equipa, não deixa de recear um adversário praticamente desconhecido, todavia, capaz de chegar a Tunis vencer e regressar a Maputo em festa.

É este o teor das conversas dos adeptos tunisinos e mesmo da própria Imprensa, que recorre a referências convincentes para chamar a atenção sobre os cuidados a tomar em relação aos moçambicanos: o empate 1-1 no CAN África do Sul-96, com um golo apontado por um jogador (Tico-Tico) que ainda está no activo e ao serviço da selecção, bem como os brilhantes resultados obtidos pela turma de Mart Nooij diante de colossos como Senegal, na campanha para o Gana-2008, Costa do Marfim, na fase anterior do presente percurso, e Nigéria, na jornada inaugural do Grupo B desta derradeira etapa de qualificação para Angola e África do Sul.

ASTÚCIA MOÇAMBICANA

Mesmo comportando duas voltas, a actual campanha é de certo modo curta. São apenas seis jogos, pelo que qualquer deles é visto como uma final. Aprovados com distinção no primeiro exame diante das “Super Águias” nigerianas, os “Mambas” seguem agora para um teste ainda mais difícil, não somente pelas características do adversários como também, e sobretudo, por actuar fora de portas. No entanto, a astúcia dos moçambicanos, personificada na fiel interpretação dos ensinamentos de Mart Nooij, pode mudar a tendência dos acontecimentos.

A ambientação que a equipa teve no decurso do estágio na Líbia foi importante para os atletas se habituarem à temperatura que irão viver durante estes dias. Igualmente, foi bastante útil na vertente da coesão do grupo, sabido é que os jogadores provêm de diferentes latitudes. A sua experiência competitiva e acima de tudo de embates desta natureza será determinante, num conjunto onde a crença no santuário magrebino é um facto. Crença num resultado que continue a manter bem içada a crista do sonho lindo dos moçambicanos, isto é, o apuramento para o Campeonato do Mundo.

SELECCIONADOR nacional, o holandês Mart Nooij
O técnico holandês já disse e repisou que “tem medo da Tunísia que fique em casa”, o que claramente dá a entender que, tal como nos habituou em partidas fora de casa, irá apostar num jogo abertamente atacante e constante pressão sobre o adversário. Aliás, segundo disse na Conferência de Imprensa que precedeu a partida da equipa para Tripoli, os “Mambas” irão manter o seu esquema de maior circulação do esférico e tentar irritar o oponente, enervando-o e obrigando-o a abrir brechas.

A capacidade técnica de artistas como Dominguez, Paíto, Tico-Tico, Miro e Genito fará a sua diferença, numa equipa em que o colectivo, se funcionar plenamente, poderá fazer história em terras magrebinas.

No Estádio de Rades, os “Mambas” contarão com uma grande falange de apoio. Moçambicanos idos de uma excursão a partir de Maputo, bem como estudantes e trabalhadores na Líbia, Egipto, Argélia, Alemanha e Inglaterra iniciaram a sua procissão rumo a Tunis, tendo como finalidade emprestar o seu calor à equipa.

Alexandre Zandamela, em Tunis

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