quinta-feira, 14 de maio de 2009

Mulheres atacam Salvado

Mulheres ligadas ao desporto moçambicano e não só condenam as declarações insultuosas do treinador do Atlético Muçulmano, Arnaldo Salvado, a árbitro assistente Isabel Abreu e exigem sansões disciplinares para que este tipo de situação não volte

mulheres moçambicanas ligadas ao desporto. Palmira Pedro Francisco

No final do jogo em que os Muçulmanos da Matola perderam diante do Textáfrica do Chimoio, por 1-0, Arnaldo Salvado, quando instado a comentar o jogo, atacou a equipa de arbitragem referindo que “aquela senhora que estava ali não nos deixou jogar, foram 10 a 11 ataques anulados sempre com a bandeirinha no ar.

Ela podia enfiar aquela bandeira no outro lado, se calhar gostava mais. Se fosse tratar dos filhinhos fosse melhor”, para depois acrescentar que “mas este é o resultado da democracia no desporto, nós metemos senhoritas nisto e é o que dá”.

Estamos chocadas

Estas declarações de Arnaldo Salvado não foram do agrado das mulheres moçambicanas ligadas ao desporto. Palmira Pedro Francisco foi a primeira a dar a cara para condenar este pronunciamento e exigir uma intervenção de quem de direito.

“Estamos bastante chocadas pela atitude deste senhor que se acha treinador de grande nível. É natural que qualquer pessoa erre, homem ou mulher, mas ele não tem o direito de fazer este tipo de pronunciamento. Todos nós sabemos qual é a aversão deste senhor pelas mulheres, mas isso não lhe dá o direito de insultar a árbitro daquela maneira”, disse Palmira Pedro Francisco.

A presidente da Comissão do Futebol Feminino na FMF e membro da Comissão da Mulher no Desporto no Comité Olímpico diz que declarações do género podem deitar abaixo o trabalho que se está a fazer no sentido de incentivar a mulher para a prática desportiva.

“Estes pronunciamentos não são admissíveis em pleno século 21, pois não só ferem a mulher, mas também ao público. Uma atitude daquela é condenável e exigimos uma medida disciplinar.

Acho que o senhor Salvado devia pedir desculpas formais à mulher moçambicana porque feriu a sua dignidade, numa altura em que se destaca o envolvimento da mulher em várias frentes da sociedade, incluindo o desporto. Também estão envolvidas no trabalho de incentivo das mulheres para a prática do desporto e este tipo de atitude acaba desmoralizando-as”, disse Palmira Pedro Francisco.

Alfredo Júnior

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