quarta-feira, 22 de julho de 2009

Básquete feminino nos Jogos da Lusofonia: Nazir reconhece que houve pouco trabalho

A SELECÇÃO Nacional de Basquetebol de Seniores Femininos era tida, à partida para a segunda edição dos Jogos da Lusofonia, em Lisboa, como favorita à conquista da medalha de ouro, que ostentava desde a primeira edição, em Macau, em 2006.

Nazir Salé e suas jogadoras numa das interrupções do jogo com Portuga
Mas, chegados ao terreno, provou-se o contrário. As jogadoras moçambicanas, muitas delas, passaram ao lado da competição não atinando com as orientações do técnico e muito menos interpretarem da melhor forma a filosofia do jogo que se impunha em cada partida e para cada adversário. O resultado dessa desatenção toda foi o quarto lugar, atrás de Portugal, Brasil (Sub-19) e Angola, este último com quem perdemos na luta pela medalha de bronze (terceiro lugar).

Vários factores são apontados pelo respectivo seleccionador nacional, Nazir Salé, para este fracasso, com maior incidência para a falta de um trabalho mais acentuado e à dimensão deste evento. Aliás, para nós, faltou a auto-estima na equipa nacional. É certo que a ausência das irmãs Clarisse e Zinóbia Machanguana, sobretudo a primeira, terá tido, de alguma forma, influência no fraco rendimento da equipa na derradeira ronda, mas, no cômputo geral, notou-se que são necessárias reformas de fundo, porque algumas jogadoras já se arrastam!

No final do torneio, Nazir Salé falou aos jornalistas moçambicanos que acompanharam a segunda edição dos Jogos da Lusofonia sobre o desempenho da equipa. Primeiro, analisou o jogo contra Angola, aquele que ditou o afastamento de Moçambique do último lugar do pódio, e depois perspectivou o futuro, incidindo para o Campeonato Africano, que terá lugar ainda este ano.

“Acho que quando as coisas não nos correm bem há sempre um certo desequilíbrio, mas continuo a acreditar no grupo de trabalho. Neste jogo tivemos uma desvantagem de 10 pontos, conseguimos recuperar, mas há que melhorar em termos de trabalho, ou seja, temos que corrigir o que não conseguimos fazer, que é marcar pontos fáceis. Tivemos muitas oportunidades de marcar pontos fáceis e não convertemos.

E, quando isto acontece no decorrer do jogo, muito antes do final, acaba afectando o nosso trabalho. Acredito que foi um bom torneio. Hoje (domingo) já jogámos sem duas atletas por infelicidade, e quero aproveitar a presença da Imprensa para endereçar os meus profundos sentimentos de pesar à família Machanguana. Mas acredito que, para aquilo que eram os nossos propósitos, que é o Campeonato de África, vamos continuar a trabalhar arduamente, tentar melhorar e encontrar os índices que pretendemos para atacar o Afrobásquete.

Quero também pensar que, por aquilo que foi o torneio, defrontámos uma equipa bastante experiente, que Portugal; Angola, que até certo modo já é uma equipa estruturada para o Campeonato Africano, e ainda uma selecção brasileira que, apesar de ter 19 anos, joga de uma forma adulta, com fundamentos firmados e luta do primeiro ao último minuto. Acredito que levamos o recado para casa e vamos trabalhar arduamente. Não vamos desistir, principalmente para encontrarmos uma selecção em que qualquer jogadora que fizer parte na ponta final esteja em condições de atacar o “Africano”.

Sobre a montagem de uma estrutura para que Moçambique ataque o Campeonato Africano de Madagáscar, Nazir Salé afirmou: “temos uma lista alargada de jogadoras. Como nós todos sabemos, há jogadoras que não fizeram parte desta selecção por causa dos compromissos dos seus clubes a nível internacional, mas acho que este grupo merece todo o nosso respeito. E vai continuar a merecer. E as restantes jogadoras que fazem parte da Selecção Nacional também vão. Por isso vamos trabalhar em conjunto, com todas as jogadoras, perspectivando o que poderá ser a melhor estrutura para o Campeonato de África”.

O “Notícias” questionou o seleccionador se, pelo que se viu em Portugal, não terá havido falta de trabalho para que o basquetebol feminino moçambicano terminasse numa melhor classificação do que a obtida, Nazir Salé não foi de rodeios.

“Eu parto do princípio de que no desporto é assim: há que dar prioridade ao desenvolvimento de qualquer selecção nacional e de qualquer equipa, mas nós temos que ter os dois pés bem assentes no chão e perspectivarmos gradualmente aquilo que podem ser as diferenças. Contudo, devo dizer que é preciso continuar a trabalhar. É preciso encontrarmos aquilo que vai ser o volume de trabalho.

Para este torneiro, tentámos começar muito antes daquilo que era o calendário e tivemos, sem dúvidas, cerca de um mês de trabalho, mas não trabalhamos afincadamente (duas vezes por semana). Mas isso não pode servir de desculpa. Acho que vamos regressar com a lição bem estudada.

Tirámos ilações e vamos continuar a trabalhar, perspectivando aquilo que será a nossa grande dimensão. Vamos aumentar o volume de treino e corrigir os erros cometidos aqui. Vamos trabalhar aquilo que são as características de cada jogadora.

Trabalhar, trabalhar sempre é o que promete Nazir Salé, seleccionador nacional de básquete feminino, depois de ter ficado em quarto lugar no Torneio da Lusofonia, terminado domingo em Lisboa.

Gil Carvalho

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