terça-feira, 21 de julho de 2009

MUNDIAL DE HÓQUEI ESPANHA 2009 - Valeu, mas valemos mais!

A MANUTENÇÃO era o mínimo que Moçambique poderia ter logrado garantir no Campeonato do Mundo de Hóquei em Patins do Grupo A, disputado recentemente nas cidades espanholas de Vigo e Pontevedra, depois de frustrado o sonho de alcançar os quartos-de-final. Mas ficou a impressão de que valemos muito mais.

Selecção Nacional de hóquei em patins
Temos hóquei natural e tradição, precisamos é de trabalhar seriamente na preparação e remover as quezílias que, infelizmente, insistem em coexistir na relação entre jogadores e dirigentes, devido à alegada má compensação financeira aos atletas.


Estes desentendimentos terão contribuído em grande para tão nefasta exibição do combinado nacional diante da Alemanha (2-7), que deitou abaixo a possibilidade de pelo menos igualar o feito de Montreux-2007 – a nona posição. Foi surpreendente a forma como perdemos com os germânicos. Aliás, pessoas doutros países ficaram boquiabertas quando souberam que Moçambique tinha perdido por números tão desnivelados. “Ó 'kambas' (irmãos), como perderam desta forma com a Alemanha”? Eram os angolanos a questionar.

Quem está por fora e não conhece as dificuldades que o combinado nacional vive, desde a preparação para o Campeonato do Mundo, iniciada um mês e meio antes, tendo incluído duas semanas na Catalunha, quando por exemplo Angola esteve seis meses a preparar-se e a participar em grandes torneios internacionais, pode perceber por que razão caímos sem honra nem glória frente aos alemães, quando em Montreux havíamos ganho por 3-2.

Ó DINHEIRO!...

Mas não foi só por termos sido, quiçá, a última selecção a iniciar a preparação que pecámos. Falhámos em momentos cruciais. Tínhamos assegurado a manutenção com uma vitória convincente diante da Holanda por 3-0, e tudo indicava ser o início de uma caminhada triunfal para uma melhor classificação. Porém, na manhã que antecedeu o embate com Alemanha, houve “bulha” no seio da selecção, com os atletas a reclamarem prémios de jogo, uma situação que desmoralizou por completo o grupo, embora, mesmo assim, se tenha reerguido no derradeiro desafio, frente à Colômbia, com uma vitória por 3-0.

Situações como esta têm que acabar, pois têm, frequentemente, manchado a nossa participação nos “Mundiais”. É que, desta forma, muito dificilmente podemos pensar em voos para além da manutenção. Aliás, ousamos até afirmar que, se este cenário prevalecer, corremos o risco de descer para o Grupo B – o que seria frustrante se tal acontecesse na nossa casa.

Em Vigo, depois da derrota na estreia diante da toda-poderosa Espanha, empatámos com Angola, numa exibição de encher o olho. Após esse empate, ainda se sonhava com os almejados quartos-de-final, embora tal não dependesse só de nós. Tínhamos que vencer Colômbia por 5-0 e esperar que Angola fosse goleada pela Espanha pelos menos por 0-4. Infelizmente, empatámos a zero e os angolanos perderam tangencialmente por 2-3.

RENÚNCIA DOS ADRIÃO

O “Mundial” de Vigo trouxe um problema que, caso não se trabalhe seriamente na exponenciação de novos jogadores, pode ser de difícil resolução. É que os primos Nuno e Bruno Adrião renunciaram à selecção e em 2011 já não farão parte da equipa.

O guarda-redes Nuno revelou-se, desde que se estreou na selecção moçambicana, no “Mundial” de Réus-99, como uma peça fundamental, enquanto Bruno desempenha o papel de líder e tem uma grande experiência.

A renúncia dos primos Adrião pode ser solucionada com a integração de quatro atletas que jogam em Portugal e já identificados por José Carlos, conselheiro técnico da selecção, e até 2011 serão observados pelo treinador espanhol José Barberá, caso se confirme a sua continuidade.

Em relação à prestação dos jogadores, há também a destacar dois que foram de um rendimento regular: José Soares e Kiko, que, sempre que foram chamados para as quatro linhas, deram o máximo de si e justificaram a titularidade. Há ainda Maninho e Mafamba, os mais novos da equipa, que, se trabalharem mais afincadamente, podem ser úteis à selecção.

Este é, portanto, um colectivo de valor, onde a juventude se alia à experiência de Bruno Pimentel, José Soares, Siga e Paulo Pereira, tendo acabado por cumprir o principal objectivo, a manutenção, mas que pode dar muito mais.

Ivo Tavares

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