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quarta-feira, 23 de junho de 2010
“Alguns dirigentes da FMF sabotaram o meu trabalho”
Em 2000, numa clara visão de futuro, criou o Gabinete Técnico da Federação Moçambicana de Futebol (FMF) com o objectivo de “arrumar” a casa e criar na agremiação um departamento sério que se ocupasse da organização e estruturação do futebol moçambicano. De resto, o mesmo facilitava o contacto com os secretários técnicos nos distritos, cujas acções eram coordenadas pelo Gabinete Técnico. Dois anos depois, ou seja, em 2002, formou a selecção nacional sub-12 com o horizonte no Mundial-2010, prova prova que decorre na África do Sul.
É, augusto leitor, com Augusto Matine, técnico com créditos firmados na área da formação, que o “País” aborda o passado, presente e futuro do futebol moçambicano. Com os olhos quase a ganharem o azul do mar, Matine revelou que tem em manga um projecto de instalação de uma academia de futebol nos próximos tempos.
Depois de, em 2002, ter desenhado um projecto de formação a partir do escalão sub-12, que levou a Portugal e com o horizonte no Mundial-2010, vai apostar na criação de uma academia de futebol. Que projecto é este e quando é que arranca?
É nesta área onde eu quero iniciar. Porque entendo que só assim é que podemos criar grandes jogadores neste país.
Nós temos muitos talentos que se perdem porque não há organização séria para se dar resposta às necessidades destes talentos. Olhando, por exemplo, para a selecção sub-12 que formei em 2002, devo dizer: estes jogadores completariam, este ano, 20 anos de idade. Veja só que, dos 30 miúdos que escolhemos, fizemos uma triagem e ficámos com 18. Deste número, sabíamos que 5/6 podiam ficar pelo caminho.
Como é que sente, oito anos depois, quando olha para este projecto e vê que apenas um dos 18 atletas se encontra a jogar neste momento?
Vamos partir deste pressuposto. Sabemos qual é a doença de que o nosso futebol padece. As pessoas que são responsáveis pelo futebol têm que ter uma visão transparente e objectiva. Se detectámos a doença, sabemos que o projecto que nos pode levar a curar esta doença foi criado há já algum tempo. Nós temos que continuar a ter o fármaco para curar a doença. Sabe-se que a formação de há dez anos, por exemplo, não conseguiu cumprir, na sua plenitude, os objectivos traçados. Já começámos a jogar as mãos à cabeça com o abandono do Tico-Tico. Daqui a pouco, vamos jogar às mão à cabeça por causa do Dário Monteiro.
Porquê a escolha da formação de alto rendimento?
Nós falamos de formação de alto rendimento. Esta formação obedece a três aspectos: detenção de talentos, organização e escolha do local com as condições para este tipo de modelo de preparação para o alto rendimento.
Portanto, é necessário que haja técnicos preparados especificamente para este trabalho.
Em Portugal, já desenvolvia um trabalho desta natureza. Porquê não em Moçambique, minha terra e que precisa de ajuda no sector? A partir deste momento, estou pronto para abraçar qualquer projecto nas condições acima citadas. É daí que há um projecto que está numa fase de estudo.
Estamos, na verdade, a estudar se a academia será instalada em Marracuene ou Catembe.
Aristides Cavele
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