segunda-feira, 21 de junho de 2010

MUNDIAL-2010 - França em ruptura: jogadores recusam treinar


A SELECÇÃO francesa está em ruptura total. Após a expulsão de Anelka do Mundial, que terá insultado Domenech e negado a pedir desculpas, os jogadores recusaram treinar ontem, em solidariedade para com o colega de equipa. O chefe da delegação, Jean-Louis Valentin, já apresentou a sua demissão e fala em "vergonha".



De acordo com o jornal “L’Equipe”, os jogadores estiveram no local do treino, onde terão dado, inclusive, autógrafos aos adeptos presentes, mas uma altercação entre o capitão Patrice Evra e o preparador físico Robert Duverne culminou na suspensão dos trabalhos, com a equipa a recolher imediatamente ao autocarro.

Na sequência de mais um incidente, o chefe da delegação, Jean-Louis Valentin, bateu com a porta. "Os jogadores não querem treinar. É uma vergonha. Nestas condições, decidi voltar a Paris e apresentar demissão", revelou o dirigente aos jornalistas que acompanham a concentração francesa.

Entretanto, Patrice Evra entregou uma carta ao assessor de imprensa dos bleus, lida uns minutos mais tarde por Domenech à comunicação social. Nesta, o capitão diz que a equipa desaprova a decisão da federação de mandar embora Anelka sem ter sido consultado e que, em solidariedade para com o colega, boicotava a realização do treino, permanecendo no hotel.

DECLARAÇÃO DOS JOGADORES



"Com este comunicado, todos os jogadores da equipa francesa, sem excepção, pretendem manifestar a sua oposição à decisão tomada pela Federação Francesa de Futebol de excluir Nicolas Anelka do grupo. Se lamentamos o incidente ocorrido no intervalo do jogo entre a França e o México, lamentamos ainda mais a utilização de um episódio que só a nós diz respeito e que é inerente à vida de uma equipa de grande nível. A pedido do grupo, o jogador em causa tentou o diálogo, mas o gesto foi ignorado. A Federação Francesa de Futebol em nenhum momento tentou proteger o grupo.

Tomou uma decisão sem consultar os jogadores, unicamente baseada nos factos comunicados pela Imprensa. Como consequência, e para marcar a posição junto das mais altas instâncias do futebol francês, os jogadores decidiram não participar no treino. Por respeito ao público que veio assistir ao treino, decidimos ir ao seu encontro, pois, pela sua presença, mostraram o apoio incondicional à equipa. Da nossa parte, estamos cientes das responsabilidades de representar o país, mas também daquelas para com os nossos adeptos, trabalhadores, educadores, voluntários e das inúmeras crianças que vêem os bleus como exemplo.

No que nos respeita, não nos esquecemos dos nossos deveres. Faremos tudo individualmente, é claro, mas também dentro do espírito colectivo para que a França, na terça-feira à tarde, reencontre a sua honra com uma exibição, finalmente, positiva
".

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