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sexta-feira, 11 de junho de 2010
MUNDIAL-2010 - Chegou a hora da glória africana?
O PONTAPÉ de saída da maior prova futebolística do mundo arranca hoje, pela primeira vez em África. O Soccer City Stadium vai servir de sala de visita para a abertura. O majestoso e magnífico estádio, situado em Joanesburgo, para além de testemunhar a cerimónia inaugural, receberá o primeiro encontro da prova com a África do Sul, na qualidade de anfitriã, a receber o México para o Grupo “A”. Mais tarde, às 20.30 horas, na Cidade do Cabo, o Uruguai enfrenta a França.
Contudo, Pelé pode ter errado a sua famosa previsão de que um país da África ganharia a Copa do Mundo antes do final do século passado, mas a realização do “Mundial” em solo africano dez anos depois é uma chance como nunca houve. É opinião de muitos que colocar pelo menos uma selecção nas semifinais é uma obrigação para o continente-sede, cujos adeptos apaixonados por futebol prometem puxar primeiro pelo seu país, e depois pelas nações africanas irmãs.
Considerando-se que Camarões, em 1990, e Senegal, em 2002, foram os únicos países da África a chegarem aos quartos-de-final e que nunca houve uma Copa do Mundo com mais de um representante da região nos oitavos, a missão não parece fácil. Embora o continente continue produzindo alguns dos melhores jogadores do mundo, a irregularidade dos seleccionados deixa muita gente com a pulga atrás da orelha.
Mas, como é comum na África, o optimismo é mais forte que as adversidades, e muitas figuras do presente e do passado já declararam publicamente que acreditam no êxito. Para os jogadores actuais, o importante é levar o povo a um estado de êxtase. "Eu e os meus companheiros queremos entrar para a história e mudar a forma como o mundo vê o futebol africano", afirma o lesionado Didier Drogba. “Espero que nós sejamos a selecção que chegue à final e ganhe a competição", concluiu o marfinense, capitão do seleccionado que muitos consideram o mais talentoso do continente.
Já aposentado, o ídolo ganês Abedi Pelé também vem dando declarações positivas e falando sobre boas chances de título. Mas ele também ressalta que, em um evento tão difícil e com grupos tão complicados, o desempenho será mais importante do que a classificação final.
“O torneio vai ser muito difícil para as selecções africanas", admite ao FIFA.com o ex-jogador, que tem dois filhos — André e Rahim Ayew — na equipa actual. "Elas estão em grupos difíceis, e não vai ser fácil se classificar. Há uma teoria de que este é o melhor momento para uma selecção africana ganhar o torneio, e talvez seja verdade. Vamos ter de esperar para ver, mas, aconteça o que acontecer, acho que as nossas selecções vão nos encher de orgulho.”
Abedi ainda tem vivo na memória o sucesso do seu país na Copa do Mundo Sub-20 da FIFA, no final do ano passado, quando Gana derrotou o Brasil na decisão e comemorou o primeiro título da competição por uma nação da África. Muitos daqueles jovens talentos estiveram na Copa Africana de Nações no início do ano em Angola e agora fazem parte do elenco principal.
ALTOS E BAIXOS
Outra selecção em ascensão é a África do Sul, que está invicta há 12 jogos e parece ter atingido o auge no momento certo sob o comando do experiente Carlos Alberto Parreira. Os anfitriões sempre tiveram o apoio apaixonado dos adeptos da casa e, agora, o entusiasmo em torno dos “Bafana Bafana” é ainda maior. O craque sul-africano Lucas Radebe vê potencial para chegar às meias-finais, mas também enfatiza que a classificação final não é a principal forma de medir o sucesso de cada país.
"Esta Copa do Mundo não é só futebol, é a reinvenção da África", afirma o ex-jogador do Leeds. "É claro que queremos ter sucesso em campo, mas ao mesmo tempo gostaríamos de ver o evento ser um sucesso fora do campo. Queremos que o mundo acredite na África. Queremos que todos saibam que podemos organizar estes eventos. Depois de 12 de Julho, todos devem se orgulhar de serem africanos."
Pela primeira vez a África tem seis representantes na competição, e dois dos gigantes do continente precisam de aproveitar a oportunidade para apagarem fracassos do passado. Esta será a sexta Copa do Mundo dos Camarões, mas a estrela da companhia Samuel Eto'o não consegue fazer um bom papel desde 1990. Já a Nigéria está na sua quarta participação, mas também decepcionou depois de não ter conseguido chegar à segunda fase em 1994 e 1998.
Ambos os países vêm de resultados pouco convincentes na preparação, e as “Super Águias” ainda perderam o médio John Obi Mikel, afastado por lesão. Já a Argélia é considerada a maior “zebra” entre os africanos, mas mostrou bom futebol com a classificação nas eliminatórias e com a quarta posição no CAN.
Os grupos de todos os seleccionados do continente são tão complicados que nenhum pode ser considerado favorito a passar de fase. Porém, praticamente todos têm condições de encontrarem o seu melhor futebol e fazerem uma longa caminhada até os estágios finais do torneio.
“Estamos numa situação diferente e melhor do que em torneios anteriores, e acho que estamos mais bem preparados”, afirmou recentemente o ex-craque zambiano Kalusha Bwalya sobre os seleccionados africanos. “Temos a confiança e a experiência, e acho que as nossas selecções agora acreditam que podem ter sucesso a este nível.”
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