segunda-feira, 12 de julho de 2010

MOÇAMBOLA-2010 - Campeão longe do… campeão


PRONTO! Apesar de se ter apresentado um tanto ou quanto longe dos seus pergaminhos, vergando perante o domínio técnico e territorial da Liga Muçulmana, o Ferroviário de Maputo acabou conquistando o título de campeão de Inverno do Moçambola-2010, que ontem concluiu a primeira volta. Num embate realizado no Estádio da Machava, envolvendo os dois primeiros classificados da prova, a igualdade a zero bola acabou beneficiando os “locomotivas”, que assim continuam com uma vantagem de dois pontos (30-28) sobre os “muçulmanos”, que caso tivessem traduzido em golos o seu domínio e o perfeito futebol que puseram em campo teriam ascendido à liderança.



Numa jornada que conheceu resultados surpreendentes, há a realçar o triunfo do Atlético Muçulmano sobre o Desportivo por uma bola sem resposta, assim como o empate 0-0 no desafio entre Costa do Sol e Vilankulo FC, o mesmo resultado, aliás, verificado no jogo Matchedje-Maxaquene. O Textáfrica esteve em grande no “derby” da zona centro, frente ao Ferroviário da Beira, ganhando por esclarecedores 3-1, enquanto Sporting e HCB de Songo, no Chiveve, empataram 1-1. Outro empate sem golos verificou-se em Nampula, no duelo nortenho entre Ferroviário de Pemba e FC Lichinga.

"LOCOMOTIVA" ESTREMECE

A Liga Muçulmana passou próximo da vitória no embate de ontem, mas foi infeliz nas duas ocasiões em que o ponta-de-lança Maurício apareceu em vantagem sobre a defensiva “locomotiva”, com o mérito a pertencer ao guarda-redes Mohamed, que negou aquilo que seriam golos certos.

Artur Semedo merecia outra sorte neste desafio, pois venceu na táctica e nas oportunidades de golo, com maior domínio de posse de bola e perfeita circulação do esférico. Foram escassas as vezes em que o Ferroviário apareceu em melhores condições de finalizar, senão aquela em que Luís foi pouco inteligente ao dominar o esférico para as mãos de Neco, na recepção ao centro de Mendes, que entrou a substituir Momed Hagy.

O equilíbrio que se registou na primeira parte tinha explicação, em grande medida, na semelhança no sistema táctico com o qual as duas equipas se apresentaram no terreno, ambos privilegiando o 4x4x2. Esta semelhança até chegou a igualar-se na forma de abordagem de jogo, mas a Liga Muçulmana foi gradualmente assumindo o favoritismo dentro das quatro linhas, face à perfeita movimentação dos seus atletas, facto que acabou baralhando, nalguns momentos, a defensiva contrária.

Foi assim que Maurício deu o aviso à navegação, para o grande mérito do “keeper” Mahomed que, vendo-o completamente isolado, fez perfeita leitura à movimentação do pé do atacante e esticou-se para o desvio com um toque subtil para canto, aos 23 minutos. A defensiva “locomotiva” ficou presa, pensando numa posição irregular do avançado que, de trás para a frente, se desmarcou dos “centrais” para receber o passe batido da zona frontal da grande área.

Enquanto as coisas saíam com alguma perfeição para a Liga, o Ferroviário denunciava as suas jogadas e, com o meio-campo pouco flexível face ao desenquadramento de Momed Hagy no seu reaparecimento depois da lesão, as coisas complicaram-se muito mais. A Liga, que se fechava bem na defensiva, fez o maior aproveitamento desses erros para se aproximar ao reduto dos “locomotivas” e estremecer a defensiva, obrigada a ceder vários pontapés de canto, no entanto, mal aproveitados. O lateral esquerdo Mayunda teve algumas subidas de realce pela esquerda e despejos para a área, o que não acontecia do lado contrário, que teve poucas chances de sobressair pelas alas. O lateral direito Zabula ainda tentou, mas sem sucesso.

Mayunda acabou fazendo aquilo que cabia a Vling, que actuava na posição mais adiantada. Mas acabou sendo ele a fomentar mais um lance de perigo, com um centro geométrico para um perfeito desvio de Maurício, no primeiro poste, mas Mohamed voltou a negar que a bola violasse as suas malhas e, com uma palmada, cedeu mais um pontapé de canto, aos 44 minutos.

Com a igualdade, as duas equipas foram ao intervalo e regressaram com o mesmo onze, mas sem soluções precisas. O Ferroviário chamou à atenção o guarda-redes Neco com um tiro bem executado por Momed Hagy a sair ligeiramente alto.

De seguida o esquerdino Michael igualmente encheu o pé, a secundar um remate de Luís sobre o corpo de um adversário, para uma defesa apertada de Neco. A Liga reagiu e, perante a pressão que exercia no esforço de penetrar pela zona frontal, arrancou alguns livres próximo da grande área, mas mal aproveitados. E ia pagar caro se Luís tivesse tido calma na recepção a um passe centrado de Mendes. Até que podia ter atirado de primeira, mas preferiu o domínio (mau), permitindo a intervenção de Neco, já na ponta final da partida.

A equipa de arbitragem, liderada por Samuel Chirindza, não soube, nalgumas vezes, usar a Lei da Vantagem, provocando paragens desnecessárias. Mas foi disciplinarmente excelente e não influenciou no resultado.

FICHA TÉCNICA


Árbitro: Samuel Chirindza, coadjuvado por Arsénio Marrengula e Daniel Viegas. Quarto árbitro: Ainad Ussene.

FEROVIÁRIO
– Mahomed; Zabula, Tony, Jotamo e Michael; Danito Parruque (Imo), Whisky, Ítalo e Momed Hagy (Mendes); Luís e Jerry (Sonito).

LIGA MUÇULMANA – Neco; Cantoná, Narciso, Aguiar e Mayunda (Carlitos); Micas, Paíto, Jumisse e Vling; Nelson (Evans) e Maurício (Silvério).

Acção disciplinar: cartão amarelo para Whisky, Aguiar e Paíto.

Salvador Nhantumbo

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